O engenheiro Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras, é um dos investigados da Operação Lava Jato que está prestes a assinar um acordo de delação premiada com os procuradores da força-tarefa da operação em Curitiba. Preso desde novembro de 2014, Duque acaba de se tornar colaborador formal da força-tarefa em um acordo internacional e está em negociações avançadas para delatar também nos casos da Lava Jato no país. A informação foi publicada pelo jornal O Globo, na manhã desta segunda-feira (30).
A delação pode complicar a vida do ex-presidente Lula. Duque foi o diretor da Petrobras durante os oito anos do governo do petista e parte do governo de sua sucessora Dilma Rousseff. “Considerado pelos investigadores o principal operador do PT no esquema, ele tornou-se um “ativo” nas investigações por guardar em seus arquivos um amplo conjunto de provas documentais que reforçariam o elo entre o PT, os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff e os repasses da Odebrecht”, diz trecho da reportagem do jornalista Robison Bonin.
Leia também
<< Leia a reportagem do jornal O Globo na íntegra
De acordo com o jornal, as tratativas com o ex-diretor avançaram após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de retirar das mãos do juiz Sergio Moro, responsável pela Lava Jato em Curitiba, trechos da delação da Odebrecht que citam o ex-presidente Lula. Diante da decisão, tornou relevante o material oferecido por Duque, que pode complementar e reforçar o que já foi dito pela Odebrecht.
Um dos episódios mais relevantes de sua proposta trata justamente da partilha de propinas envolvendo Lula, o PT e a Odebrecht na Sete Brasil. O ex-diretor foi condenado a 57 anos de prisão por crimes como corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Para corroborá suas revelações, Duque reúne documentos, extratos bancários, planilhas, fotografias dele com investigados.
Como colaborador formal em acordo internacional, Duque assinou acordo com procuradores brasileiros e italianos para confessar crimes relacionados a investigações que tramitam na Itália. O acordo foi homologado por Sergio Moro. A reportagem diz ainda que Duque prestou depoimentos às autoridades italianas no começo de março.
PublicidadeDelação de Palocci
Nas últimas semanas, o ex-ministro Antonio Palocci, preso desde setembro de 2016, assinou acordo de delação premiada com a Polícia Federal, conforme informou O Globo. De acordo com a reportagem, fontes ouvidas pelo jornal confirmaram que os investigadores já concluíram a fase de tomada de depoimentos. A colaboração ainda precisa ser homologada pela Justiça.
Palocci foi condenado pelo juiz Sergio Moro, que comanda os processos da Operação Lava Jato em Curitiba, a 12 anos, 2 meses e 20 dias de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele deixou o PT, do qual era um dos fundadores e um dos nomes mais influentes, depois de fazer acusações contra o ex-presidente Lula e dizer que o petista fez um “pacto de sangue” com a direção da Odebrecht.
<< Palocci fecha acordo de delação premiada com a PF
<< Em carta, Palocci pede desfiliação do PT: “Me vejo em um tribunal inquisitorial no PT”