Poucos quilômetros separam os atos bolsonaristas dos protestos de Fora Bolsonaro e do Grito dos Excluídos que acontecem na capital federal, neste Sete de Setembro. Enquanto os apoiadores do presidente se posicionam na Esplanada e proximidades da Praça dos Três Poderes, os outros grupos estão mais acima, na região da Torre de TV. Desde a segunda (6) o clima é tenso na Esplanada e entornos.
No início da manhã o ato da oposição se mostrava discreto, com os manifestantes chegando aos poucos. Os gritos de Fora Bolsonaro davam o tom do protesto.
No gramado ao redor da Torre de Tv, foram deixadas faixas com frases de ordem clamando pelo impeachment do presidente.
O número de manifestantes aumentou com a chegada do carro de som das representações sindicais. Além das faixas e cartazes anti-Bolsonaro, também são exibidas peças com frases de apoio a outras pautas da oposição, como o combate à privatização dos Correios e à proposta de reforma administrativa do governo.
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Atos contra Bolsonaro também estão previstos para ocorrer em outras capitais brasileiras.
Por volta das 10h os manifestantes já ocupam todo o gramado ao redor da Torre de TV. O carro de som saiu de onde estava antes, próximo do setor hoteleiro sul, e passou para o estacionamento do lado norte, afastados dos manifestantes bolsonaristas a caminho da manifestação. Uma faixa verde e amarela de mais de 50m com os dizeres “Fora Bolsonaro, 500mil mortes” também foi estendida por eles.
Entre os políticos que compareceram esteve o deputado distrital Fábio Félix do Psol. No carro de som, o parlamentar defendeu a participação ativa dos grupos de oposição ao lidar com ações do governo. “Vai ser dura a luta contra Bolsonaro, e não vai ser fácil. (…) Mas nós não podemos levar essa luta apostando no calendário eleitoral, pois essa direita não respeita as leis ou a democracia”, falou.
Também falou aos manifestantes a deputada federal Erika Kokay (PT), que destacou o combate dos indígenas à aprovação do marco temporal para demarcação de terras, bem como a oposição à proposta de reforma administrativa. “Nós estamos aqui para dizer que nós vamos derrotar a PEC 32 [proposta de reforma administrativa] para dizer que ela representa do Estado do compadrio”. A deputada considera que a maioridade numérica dos manifestantes pró-governo se deve à intimidação de opositores. “Eles podem ser muitos lá, mas nós somos mais aqui no dia de hoje, pois nós somos todos os oprimidos desse país”, declarou.
Ao fim do ato, os manifestantes seguiram até a entrada do acampamento indígena no setor cultural do Plano Piloto, próximo da Torre de TV. Lá tiveram um breve encontro com lideranças da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga), em que a deputada Erika Kokay novamente reforçou a pauta da defesa dos direitos indígenas antes do ato debandar, afirmando que a proteção das propriedades indígenas é um direito constitucional. “A Constituição, na parte que trata dos direitos de povos originários, foi escrita não em tinta mas sim em urucum”, exclamou.
Grito dos Excluídos
Esta é a 27ª edição do Grito dos Excluídos que este ano ocorre sob o tema Vida em Primeiro Lugar. A proposta do ato é, sempre no Sete de Setembro, chamar atenção para o cerceamento de direitos e falta de acesso às condições básicas de qualidade de vida pela maior parte da população brasileira.
“Hoje é um dia muito importante. Há anos fazemos o Grito dos Excluídos estamos aqui para dizer que a verdadeira independência é quando as pessoas têm trabalho, têm comida no prato, onde um há um projeto de vacinação em massa, focado no bem comum”, disse Thiago Ávila, socioambientalista, que particiava do protesto em Brasília.
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