O ex-gerente geral da refinaria Abreu e Lima Glauco Legatti disse à CPI da Petrobras que ele e os demais diretores envolvidos nas contratações da obra não tinham condições de saber da formação de cartel por parte das empresas que concorriam às licitações.
“Hoje é fácil falar em superfaturamento, mas em 2008 e 2009, quando ocorreram as licitações, não houve irregularidades dentro dos procedimentos da Petrobras. Nunca desconfiamos desse tipo de cartelização”, disse.
Ao responder perguntas do relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), ele disse que, naturalmente, poucas empresas tinham condições de concorrer nas licitações. “Há poucas empresas que podem ter 10 mil empregados trabalhando.Os custos da refinaria estão compatíveis com os valores que estão ali”, disse.
Metodologias diferentes
Segundo ele, os superfaturamentos apontados em auditorias do TCU são causados por diferenças de metodologia usadas na contratação e na fiscalização. “Tínhamos uma dificuldade em entender os critérios usados pelo TCU e, quando entendemos, começamos a explicar as razões e diminuir esses valores”, disse.
Ele foi questionado pelo relator a respeito do superfaturamento apontado nos serviços de terraplanagem. Segundo o TCU, a terraplenagem da área da refinaria teve sobrepreço de R$ 69 milhões. Formaram o consórcio responsável pelo serviço as empresas Odebrecht, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e Galvão Engenharia, investigadas na Lava-Jato.
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“Nós justificamos depois esses valores e o cálculo caiu para R$ 18 milhões”, disse.
Aditivos
Legatti também justificou os mais de 300 aditivos celebrados entre a Petrobras e as empresas contratadas para a construção da refinaria como resultado de mudanças no projeto. Mas disse que isso não significa qualquer irregularidade, mas sim adequações da obra.
Segundo Legatti, a Petrobras tinha um sistema de controle interno que obrigava qualquer alteração passar por várias fases de avaliação e autorização.