Folha de S. Paulo
Para equipes de campanha, morte zera o jogo eleitoral
Integrantes das três principais campanhas presidenciais fizeram neste domingo (17) avaliação semelhante durante o velório de Eduardo Campos: a candidatura de Marina Silva, em meio a uma comoção nacional, zerou o cronômetro da eleição.
Reservadamente, diversos representantes dos comitês eleitorais afirmam que a única certeza agora é de que haverá segundo turno.
Para muitos, o efeito da morte de Campos sobre a popularidade de sua substituta na cabeça de chapa decantará nas próximas duas semanas. Só então então será possível avaliar, com mais clareza, o cenário da sucessão.
Durante o voo que a levou ao Recife, Marina afirmou que a morte do candidato impõe a ela “responsabilidade” e que pretende manter os compromissos que definiu com o aliado. As afirmações foram feitas aos jornais “O Estado de S. Paulo” e “O Globo”.
“Penso que existe uma providência divina em relação a mim, ao Miguel [filho mais novo de Campos], a Renata [viúva do candidato] e ao Molina [sobrinho e assessor]”, disse Marina ao “O Globo”.
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PublicidadeAuxiliares de Dilma Rousseff presentes à cerimônia fúnebre não escondiam preocupação com a reviravolta do quadro eleitoral. Tucanos também exibiam apreensão.
No PT e no PSDB, a expectativa é de um segundo turno entre a presidente da República e o candidato do PSDB, Aécio Neves (MG).
Em comum está a avaliação de que Marina tem um discurso fundamentalista em diversos setores e sua eventual vitória traria riscos ao país. Tudo indica que a ex-senadora sofrerá dos dois grupos adversários a mesma investida negativa feita contra Lula em 2002.
Candidata terá que contornar resistência na cúpula do PSB
Superada a fase de ser formalmente indicada pelo PSB para encabeçar a chapa ao Planalto, Marina Silva terá pela frente a tarefa de contornar resistências vindas de políticos que ocupam postos-chave na hierarquia da legenda.
A começar pelo presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, que assumiu automaticamente o cargo após a morte de Eduardo Campos.
Então vice-presidente da sigla, ele sempre trabalhou pelo apoio do partido à reeleição de Dilma Rousseff (PT), mas acabou vencido pelo grupo liderado por Campos.
Após a morte, na quarta (13), fez parte da ala que inicialmente apresentou resistência à indicação de Marina.
Eduardo Campos é enterrado no Recife; despedida ganha ares de ato político
O candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, foi enterrado neste domingo (17), às 18h38, no cemitério Santo Amaro, no centro de Recife.
O cortejo com os restos mortais, que partiu em carro do Corpo dos Bombeiros do Palácio do Campo das Princesas, sede do governo estadual, foi acompanhado por cerca de 160 mil pessoas, segundo estimativas do governo de Pernambuco.
Morto em acidente aéreo em Santos (SP), na quarta-feira, aos 49 anos, o ex-governador de Pernambuco foi sepultado no mesmo jazigo de seu avô, o político Miguel Arraes (1916-2005).
Lula e Dilma são vaiados e depois aplaudidos durante velório de ex-governador
O temor de petistas acabou se confirmando. Mal tinham se aproximado do caixão de Eduardo Campos, a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram alvos de uma forte, porém curta, vaia vinda de populares.
A reação negativa foi logo abafada por intensos aplausos, iniciados por pessoas que estavam nos espaços destinados a familiares –Marina Silva era a única política ali presente– e autoridades, e distribuídos pela plateia.
Antes mesmo da chegada da presidente e de Lula ao Palácio Campo das Princesas, local da cerimônia fúnebre, petistas comentavam que o clima era muito hostil.
Lula chorou ao se aproximar do caixão para amparar a viúva e os filhos de Campos. “É um momento triste para o Brasil”, disse ele a políticos. “É preciso ter força e ter fé”, acrescentou em outro momento. À Folha, Dilma apenas elogiou a força da mulher e dos filhos de Eduardo Campos.
O presidenciável Aécio Neves (PSDB), também presente, evitou comentários sobre a eleição: “Nunca imaginei uma construção de futuro no Brasil em que não estivéssemos juntos”, afirmou, acrescentando que “precisamos honrar os ideais de Eduardo”.
Multidão enfrenta filas de até 5 h para ver caixão
Vestido com a camisa que ganhou no funeral do governador Miguel Arraes (1916-2005), avô de Campos, o cabeleireiro Luciano Viana, 49, enfrentou cerca de cinco horas na fila para ver o caixão. “O gosto por Arraes passou pro Eduardo”, disse.
A catadora de latas Maria Zelma da Conceição, 40, de Igarassu (Grande Recife), passou a noite chuvosa na praça diante do palácio.
O bacamarteiro Manoel Luiz da Silva comandou sua “tropa” de seis soldados e, em trajes tradicionais, aproveitou o ônibus disponibilizado pela Prefeitura de Bonito (130 km do Recife) para a última homenagem.
A comunidade Ilha de Deus, que vive da pesca e da coleta de caranguejos nos manguezais do Recife, lotou pequenos barcos e navegou em procissão até os canais do centro –o governo Campos (2007-2014) urbanizou o antigo labirinto de palafitas.
Nessa multidão com motivações diversas e de pessoas saídas desde o mangue ao sertão do Araripe, as semelhanças estavam na origem pobre e na pele entre morena e negra. E também na paciência para esperar em uma fila que serpenteava pelo centro da cidade em troca de segundos sobre o caixão fechado.
‘Precisamos de você’, ouve Marina, saudada como candidata do PSB
Foi ao lado de Renata Campos, viúva de seu companheiro de chapa à Presidência da República, que Marina Silva passou a maior parte do tempo desde que chegou ao Recife, na tarde de sábado (16), para as cerimônias fúnebres de Eduardo Campos.
Eram 19h20 quando a ex-senadora entrou na casa da família, no bairro recifense de Dois Irmãos, e passava das 19h do domingo (17) quando deixou o cemitério de Santo Amaro, onde o ex-governador de Pernambuco foi enterrado.
Marina entrou no cemitério onde está o túmulo de Miguel Arraes, ex-governador e avô de Campos, de braços dados com Ana Arraes, mãe do candidato morto na quarta-feira.
Escoltada por assessores, a herdeira da cabeça de chapa de Campos era seguida por centenas de pessoas que gritavam seu nome, jogavam pétalas brancas sobre sua cabeça e tentavam tocá-la, quase como que num rito religioso. “Precisamos de você”, disse um dos passantes.
Eduardo Campos foi alvo de grande ironia da história
Coordenador do programa de governo de Eduardo Campos e uma das principais pontes entre PSB e Rede, Maurício Rands, 52, afirma, sem conter o choro, que o presidenciável morto em um acidente aéreo na semana passada foi vítima de uma grande “ironia da história”.
O desafio do pernambucano era se tornar conhecido. A notoriedade veio na quarta (13), mas sem que pudesse desfrutar da popularidade que tentava alcançar para chegar ao segundo turno.
Para Rands, o trágico desfecho da candidatura de Eduardo Campos dará a Marina Silva o empuxo necessário para que ela termine o que ele começou.
Se eleita, o PSB não terá um representante legítimo no Planalto. “Estamos só invertendo a cabeça da chapa. Ninguém está enganando ninguém, não há adultério”, disse, desta vez sorrindo.
O Estado de S. Paulo
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Valor Econômico
“Essas coisas acontecem em nome de algo maior”
“Essas coisas não acontecem por acaso, mas sim em nome de algo maior”, desabafou Marina Silva, provável candidata a presidente da República pelo PSB, ao ex-ministro Ciro Gomes, durante o velório de Eduardo Campos, no Recife. Marina estava abalada; Ciro, emocionado. Ele não respondeu. Marina olhou nos olhos do interlocutor e arrematou: “Tenho saudade do Ciro que me ajudou.”
Sob comoção, gritos de ordem da campanha dominam funeral de Campos
Na maior manifestação política da história de Pernambuco, pelo menos 160 mil pessoas tomaram as ruas do entorno do Palácio do Campo das Princesas e o cemitério de Santo Amaro para o velório e enterro do ex-governador de Pernambuco e candidato presidencial Eduardo Campos (PSB), de acordo com a Polícia Militar. A comoção se misturou ao clima eleitoral. A presidente e candidata à reeleição foi vaiada ao chegar ao velório em companhia do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas o protesto foi abafado por aplausos.
Viúva vira fiadora da composição da chapa de Marina
Marina Silva, virtual candidata do PSB à Presidência da República, começou a sua campanha eleitoral este ano em meio ao velório e enterro do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, em Recife. Sua primeira luta é pelo controle da própria campanha e da candidatura. A escolha do novo nome para a vice-presidência deverá ser feita até quarta-feira, em reunião da Executiva em Brasília e passará por Renata Campos, viúva de Eduardo Campos, que convocou uma reunião da cúpula do partido amanhã, dia de seu aniversário. Renata foi convidada para ser candidata a vice com a anuência de Marina pelo prefeito do Recife, Geraldo Júlio, mas a expectativa é que não aceite. Marina não participará desta reunião.
PSDB questionará preparo e capacidade de gestão de Marina
Na campanha do candidato à Presidência, Aécio Neves (PSDB), um argumento já está pronto para ser usado contra a ex-senadora Marina Silva (PSB). O alvo é capacidade e a experiência da futura candidata como gestora e seu preparo para discutir temas econômicos com profundidade. O que os tucanos dirão é que Marina não está suficientemente habilitada em nenhuma dessas áreas.
Dilma reforçará agenda ‘desenvolvimentista’
A morte de Eduardo Campos e sua substituição pela senadora Marina Silva como candidata do PSB à sucessão mudou a expectativa da campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff em relação a uma vitória no primeiro turno. Segundo auxiliares da presidente, Marina é uma candidata com expectativa real de vitória e assim deve ser encarada. A campanha ainda avalia os impactos do novo cenário na disputa, mas a agenda da presidente deve agora reforçar seu caráter desenvolvimentista.
Pernambuco entra em entressafra política
A morte do governador de Pernambuco e presidenciável Eduardo Campos pode deixar o Estado nordestino pela primeira vez sem políticos de peso nacional. O dirigente do PSB era o mais destacado representante de uma tradição iniciada com Joaquim Nabuco no Império e mantida desde então, com algumas interrupções em períodos autoritários: a do Estado ter uma densidade política no cenário do país que ultrapassa sua importância econômica, de apenas 2,5% do PIB.
Correio Braziliense
Renata Campos se reúne com PSB sobre possibilidade de assumir lugar de vice
O presidente do PSB, Roberto Amaral, avisou ontem que, sepultado o corpo de Eduardo Campos, começa agora oficialmente a discussão sobre a formação da nova chapa. Enquanto a ex-senadora Marina Silva está praticamente confirmada como a substituta do pernambucano na disputa pela Presidência, ainda está indefinido quem concorrerá ao seu lado, como vice. No velório de Eduardo, peessebistas e pernambucanos reforçaram o coro para que a viúva do ex-governador seja companheira de chapa de Marina. Paralelamente, o líder do partido na Câmara, Beto Albuquerque (RS), tenta garantir seu nome.
Como o Correio mostrou no sábado, o nome de Marina foi definido pela cúpula do PSB na última sexta-feira. Para a confirmação da candidatura, o partido pede que a ex-senadora “abrace o PSB” e deixe, pelo menos por enquanto, a ideia de abandonar a legenda para formar a Rede Sustentabilidade. Para a vice, a sigla quer um perfil com duas características: ser um quadro tradicional do partido e ter afinidade com as ideias de Eduardo Campos.
Apuração do acidente com jato de Campos deve ser concluída em até um ano
Os peritos norte-americanos que acompanham as investigações sobre o acidente que matou o ex-governador Eduardo Campos na semana passada, em Santos (SP), preveem que o trabalho de apuração levará cerca de um ano para ser concluído. Ontem, três técnicos dos Estados Unidos, integrantes da Federação Americana de Aviação (FAA), e peritos do Centro de Prevenção e Investigação de Acidentes Aéreos (Cenipa) da Aeronáutica passaram três horas buscando peças do avião no local do desastre. No final da manhã, o grupo foi para a Base Aérea do Guarujá, onde técnicos da Força Aérea Brasileira (FAB) estão remontando partes do avião para apurar as razões da queda.
“Vamos ficar aqui em Santos por uma semana, para colher todos os materiais possíveis. E só depois iniciar os trabalhos de investigação nos Estados Unidos. É muito cedo para falar em qualquer possibilidade ou suposição”, avaliou um dos peritos norte-americanos. Eles conversaram com a imprensa para explicar o trabalho que estão realizando, mas não quiseram fornecer os nomes completos ou gravar entrevistas. Com o grupo estão representantes da empresa Cessna Aircraft Company, fabricante da aeronave que caiu, e da Pratt & Whitney, fabricante do motor. Na parte da tarde, eles voltaram ao local do acidente e fizeram novas buscas por peças do avião. Os peritos pediram à Polícia Militar que quatro imóveis de um prédio e a academia atingida pela aeronave permaneçam interditados por, pelo menos, mais uma semana.
O Globo
Com Marina candidata, PT e PSDB admitem fim da campanha polarizada
A entrada de Marina Silva na disputa presidencial rompe a lógica de polarização da campanha entre PT e PSDB. Com 19,6 milhões de votos obtidos na eleição presidencial de 2010, quando disputou pelo PV e ficou com quase 20% dos votos válidos, Marina coloca o PSB no páreo por um lugar no segundo turno. Nem PT, nem PSDB, porém, pretendem transformá-la em alvo de ataques durante o primeiro turno, não só na tentativa de manter um bom relacionamento para o segundo turno, mas também para aguardar que diminua a comoção gerada pela morte de Eduardo Campos e possam mensurar o efeito da tragédia na atração de votos para Marina.
Alberto Goldman, vice-presidente do PSDB, afirma que a presença de Marina Silva terá um impacto muito maior da campanha eleitoral do PT do que na campanha do tucano Aécio Neves.
– O Campos (Eduardo Campos) não era parte da disputa real. Ele não tinha mais como subir. Ela (Marina) tem um recall imenso da última eleição e representa bem mais do que o Eduardo o desânimo com a política – disse Goldman, que comparou a imagem de Marina à de Madre Tereza de Calcutá.
Viúva terá papel central na escolha do nome do vice da chapa do PSB
Em conversas deste domingo, após o enterro de Eduardo Campos, socialistas acertaram que o presidente do PSB, Roberto Amaral, e o secretário-geral do partido, Siqueira Campos, conversarão na manhã desta segunda-feira com a viúva do ex-governador, Renata Campos, sobre a situação da vaga para vice. Não se trata de um convite, explicam integrantes do partido, mas de uma consulta às perspectivas da viúva de Campos sobre a sucessão.
Neste domingo, enquanto Renata Campos amamentava Miguel, seu bebê de quase sete meses, em uma sala no segundo andar do Palácio das Princesas, onde eram velados os restos mortais do marido, nas salas ao lado muitas das conversas já eram sobre o papel político que “dona Renata”, como o ex-governador de Pernambuco a chamava, terá a partir de agora.
Políticos do PSB comentavam que, passado o enterro, todos os olhos se voltarão para Renata, cuja opinião será fundamental na escolha do candidato a vice que vai compor a chapa presidencial, que será encabeçada por Marina Silva. A ex-primeira-dama de Pernambuco marcou para esta segunda-feira reunião com representantes da aliança de Campos em Pernambuco. A expectativa é que o teor da fala que Renata deverá ditar os rumos dessa escolha. O encontro, convocado por ela mesma, coincide com o dia de seu aniversário e foi interpretado como uma demonstração de que assume a responsabilidade em dar continuidade ao projeto político do marido.
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