Convidada para o posto de vice na chapa do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL-RJ), a professora de Direito Janaína Paschoal enfatizou nesta segunda-feira (23) a necessidade de que precisa pensar por mais tempo sobre a possibilidade. Alegando razões pessoais e familiares, Janaína não decidiu de pronto sobre o convite e, ao participar do ato que formalizou a candidatura de Bolsonaro, fez discurso que contrariou simpatizantes do deputado.
A advogada também disse discordar de uma declaração de Josué Gomes – filho do ex-vice-presidente José de Alencar, parceiro de chapa do ex-presidente Lula (2003-2010) – sobre o papel de vice. Cotado como parceiro de chapa do tucano Geraldo Alckmin, Josué disse recentemente que o ocupante do cargo “não manda nada”. Era uma referência à uma frase dita pelo próprio pai (“Relembro meu saudoso pai, que dizia que o importante na chapa é quem a encabeça. E acrescentava: ‘Vice não manda nada e deve evitar atrapalhar'”).
“Definitivamente, não concordo com Josué de Alencar quando diz que vice não manda nada e ajuda quando não atrapalha”, declarou Janaína à reportagem do jornal O Estado de S. Paulo. A professora ficou nacionalmente conhecida, em 2016, ao participar da peça jurídica que resultou no impeachment da então presidente Dilma Roussef (PT).
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Na convenção nacional do PSL, realizada ontem (22), Janaína surpreendeu correligionários ao criticar a indisposição para o diálogo com adversários políticos. “Não se ganha a eleição com pensamento único. E não se governa uma nação com pensamento único”, afirmou a jurista, para quem a postura é uma maneira de “repetir o PT ao contrário”.
Janaína foi uma das mais aplaudidas no evento e disse que Bolsonaro lhe pareceu “ser uma pessoa muito bem intencionada”. Ao defender a tolerância no jogo político-eleitoral, alegando que é preciso assegurar a governabilidade em um eventual governo, a advogada destoou dos defensores mais radicais do capitão da reserva.
Ela também contrariou pastores evangélicos que apoiam Bolsonaro ao dizer que não é necessário fazer pregações “para as pessoas acreditarem em Deus”. O candidato do PSL contemporizou. “Tem que ter a liberdade de se expressar. Ela tem a opinião dela. Não dá para afinar 100% o discurso”, ponderou.
Bolsonaro já coleciona três negativas ao seu convite para vice. O primeiro cotado foi o senador Magno Malta (PR-ES), que é evangélico e vai tentar a reeleição para o Senado. Depois, rejeitaram a oferta os generais da reserva Augusto Heleno e Antônio Mourão.
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