Em 20 de fevereiro, Alessandro Molon (PSB-RJ) foi um dos 72 deputados a votarem contra o decreto da intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro. Menos de dois meses depois, o deputado diz estar surpreso com as ações desenvolvidas até agora pelo interventor, o general Walter Souza Braga Netto. Segundo Molon, diferentemente do que ele acreditava, os militares estão limpando a “banda podre das polícias” no estado.
“Ao contrário do que se imaginava, o caminho da intervenção no Rio tem sido positivamente surpreendente, porque o interventor, o secretário de Segurança e o chefe da Polícia Civil decidiram fazer uma limpeza nas polícias. Esse é um caminho correto”, disse. “Portanto, se por aí continuarem a caminhar, se tiverem coragem de seguir em frente, certamente vão produzir um excelente resultado para o Rio de Janeiro. Ali está grande parte do problema”, acrescentou (veja as declarações no vídeo acima).
Alessandro Molon contou que votou contra a intervenção por dois fatores: por considerá-la inconstitucional e por entender que a ação se resumiria a uma nova tomada militar, com tanques de guerra, das favelas. Mas, ainda que venha a ter êxito, a intervenção não renderá frutos políticos para o presidente Michel Temer (MDB), pondera o deputado. Para ele, não há como atacar a “banda podre das polícias” sem mexer com a “banda podre da política” e seus tentáculos com aliados de Temer no estado.
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“Para os que imaginam que isso trará resultado positivo para o presidente Michel Temer, essa me parece certa ilusão, porque se a intervenção continuar na investigação da banda podre das polícias acabará chegando aos aliados de Michel Temer no Rio. Há conexões com o mundo político dessas bandas podres. Elas não cresceram sem a conivência ou participação da banda podre da política. Isso é questão de tempo.”
As declarações foram dadas pelo deputado fluminense, nessa terça-feira (10), em debate sobre os resultados da nova rodada do Painel do Poder, pesquisa feita pelo Congresso em Foco a cada três meses com os parlamentares mais influentes. O deputado Marcus Pestana (PSDB-MG) também participou da discussão com o fundador do site, Sylvio Costa, e a sócia-diretora da In Press Oficina, Patrícia Marins.
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Durante cerca de 90 minutos, eles discutiram as principais conclusões do levantamento, como a percepção das lideranças sobre a pauta de votações, o índice de confiança no presidente Michel Temer, os rumos da crise política e econômica e o avanço da corrupção no país.
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Quem participa do painel
Os 52 congressistas ouvidos pelo Painel na última edição foram escolhidos pelo papel relevante que ocupam no Legislativo. Entre eles, há líderes partidários, membros das mesas diretoras da Câmara e do Senado, presidentes de comissões e influenciadores das principais bancadas temáticas, como os defensores dos interesses dos produtores rurais, dos direitos humanos, os sindicalistas e evangélicos.
Dos deputados e senadores entrevistados nessa última rodada, 69% pertencem a partidos da base governista. Em termos de regiões geográficas, 42% deles representam estados do Sudeste, 29% são do Nordeste, 15% do Sul, 10% do Norte e 4% do Centro-Oeste.
Desenvolvido em parceria com o Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (Ibpad), o Painel do Poder tem caráter inédito tanto pela concepção metodológica quanto pela variedade de aplicações que permite.
Estão entre elas, a aferição das tendências predominantes nas duas casas legislativas quanto ao relacionamento com o governo federal, a avaliação de políticas públicas e de temas específicos da pauta parlamentar e a influência de grupos organizados no Congresso Nacional.
A iniciativa permite ainda atender a demandas específicas de organizações que precisam ter maior clareza quanto a questões em debate no Legislativo que podem impactar seus interesses ou negócios. Os resultados podem ser apresentados com a participação de um jornalista do Congresso em Foco, contribuindo com a análise de cenários e informações de bastidores.
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