O South by Southwest, mais conhecido como SXSW, é considerado um dos maiores festivais de inovação do mundo. Já se tornou referência na discussão das principais tendências mundiais para assuntos que incluem tecnologia, entretenimento, comunicação e cultura. Em encontro promovido pelo Congresso em Foco em parceira com a In Press Oficina, nesta sexta-feira (20), munidos de uma vasta gama de inovações vividas no SXSW, especialistas em comunicação apontaram para a necessidade de promoção da saúde das relações humanas em um mundo de constante aprimoramento da tecnologia.
Os principais temas e experiências do SXSW, evento realizado em Austin, cidade do Texas (EUA), entre os dias 9 a 18 de março, foram abordados no evento por Fernanda Romano, publicitária que já atuou como executiva de várias grandes agências e que hoje toca de Nova York a empresa de estratégia e inovação Malagueta; Patrícia Marins, jornalista e consultora de comunicação e sócia-diretora da agência In Press Oficina; e Sylvio Costa, jornalista, mestre em Comunicações pela Universidade de Westminster (Londres) e fundador do Congresso em Foco.
Leia também
<< Ser humano, a “máquina” mais inovadora do principal festival de tecnologia do mundo
Fernanda Romano fez uma síntese do que viu no South by Southwest e mostrou quais foram as principais tendências sinalizadas pelo megaevento. Segurança de dados, tecnologia biométrica, inteligência artificial e cidades inteligentes foram alguns dos tópicos abordados por Fefa, como é conhecida. No entanto, apesar do amplo universo de informações e novas tecnologias, ela apontou como principal provocação do evento a reflexão de que não sabemos mais nos relacionar.
“A gente inventou um monte de tecnologia bacana. Mas não adianta ter toda essa tecnologia se o que está dentro da cabeça não está funcionando direito. Nós estamos com uma crise mundial de depressão e de suicídios. Estamos com uma dificuldade muito grande de nos relacionarmos entre si. As pessoas não sabem mais se relacionar. Estão o tempo inteiro com celular entre elas e é importante a gente reinstalar o software do sistema operacional humano. Esse foi o principal aprendizado do South by Southwest 2018”, ponderou.
Presente ultratemporário
Por sua vez, Patrícia apontou para os desafios e aprendizados na área da comunicação e resumiu sua experiência em oito principais aprendizados. “É necessário partir do contexto de que a crise é o contexto atual de qualquer planejamento, uma vez que a verdade está sendo frequentemente questionada no cenário de fake News em que vivemos”, ressaltou. O presente, afirmou Patrícia, nunca foi tão temporário, o que dificulta o planejamento.
“Nunca na história da humanidade, o presente foi tão temporário. A gente não consegue prever o segundo seguinte. É muito difícil fazer um planejamento sobre qualquer coisa se o presente é ultratemporário. Nó vamos precisar nos vale ainda mais de análise e de contexto, de curadoria de conteúdo mesmo para gente conseguir fazer qualquer planejamento”, destacou.
Ela também destacou que a comunicação vive a era do “story living”, e que é necessário fazer o interlocutor não apenas compreender, mas viver a história contada. O propósito, a transparência, a consistência e a empatia também são os pontos principais da comunicação nos tempos atuais.
Patrícia encerrou alertando que o atual desafio da comunicação é criar conexões verdadeiras, apesar de todo o avanço da tecnologia. “Vamos precisar voltar para conversas, para o olho no olho. […] A gente tem que se reinventar nos relacionamentos humanos. O South by é conhecido como o principal festival de economia criativa do mundo. Ele sempre traz muitas tecnologias, inovação. Mas esse ano o principal recado é que o ser humano tem que aprender a se relacionar”, apontou.
<< SXSW, inteligência artificial e gente, na semana em que minha cabeça deu um nó
Para Sylvio Costa, a experiência no SWSX revela o momento tecnológico que reflete diretamente no jornalismo. “A gente chegou em um momento do jornalismo em que não basta fazer tudo aquilo que a gente já estava fazendo. Antigamente o jornalista era aquele cara que fazia o trabalho dele. Se era repórter era só repórter. Se era redator, era só redator. Cinegrafista era só cinegrafista. Hoje ele é todas essas coisas e também tem blog, tem mídias sociais, tem que analisar dados”, ressaltou.
Em março deste ano, o festival voltou a produzir números hiperbólicos. Foram mais de 75 mil participantes, vindos de seis dezenas de países, que exploraram mais de 5 mil atividades interativas – fora a programação paralela de cinema, música e games.
Os temas debatidos vão além da imaginação de qualquer um: de viagens extraplanetárias a block chain, de democracia a mídias sociais, de robótica à realidade virtual, de publicidade a cidades inteligentes.