Lúcio Lambranho, enviado especial a Honduras
Tegucigalpa (Honduras) – O governo interino de Honduras anunciou neste domingo (12) que está suspenso o toque de recolher que vigorava no país desde o golpe de estado no último dia 28 de junho. A proibição, que impedia a circulação de pessoas entre 23h e 4h, durou 15 dias desde que o presidente hondurenho Manuel Zelaya foi retirado do poder.
Para dirigentes sindicalistas, o governo cedeu a pressões de empresários com negócios que funcionam durante a noite. Ainda assim, líderes acreditam que a repressão contra protestos deve continuar.
“Mesmo com o fim do toque de recolher, estamos prevendo mais repressão contra os protestos e até mesmo prisões seletivas de dirigentes de sindicatos”, disse ao Congresso em Foco Juan Barahouna, presidente da Federação de Unidade dos Trabalhadores de Honduras e dos principais líderes do protesto contra o golpe.
Assassinato
Por volta da noite de ontem (11), um dos líderes do Bloco Popular foi assassinado com três tiros. Roger Bados foi morto em frente a sua casa em San Pedro Sula, cidade situada a 240 quilômetros da capital hondurenha.
Segundo dirigentes do grupo que compõe os principais sindicatos e federações de trabalhadores em protesto deste o golpe de estado, ainda não é possível confirmar se o assassinato foi um crime político. Bados era integrante do partido União Democrática (UD) e ex-presidente do sindicato dos trabalhadores da indústria de cimento.
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“Ainda não podemos confirmar as circunstâncias precisas deste ato, mas vamos acionar as organizações de Direitos Humanos para investigar o caso”, disse Barahouna ao site. Segundo o líder, o autor dos disparos estaria em uma bicicleta e os tiros teriam sido disparados pelas costas contra o sindicalista de San Pedro Sula.
Desde as 10hs da manhã de hoje (12h no Brasil) cerca de mil manifestantes fazem um protesto na praça central de Tegucigalpa e em frente da catedral da capital hondurenha. O anúncio do crime contra o dirigente político foi anunciado pelos organizadores da manifestação.
Até o momento, os principais jornais de Honduras, La Prensa e El Heraldo, ignoram a morte do dirigente de esquerda. As duas publicações são acusadas pelos manifestantes e apoiadores do presidente deposto Manuel Zelaya de apoiar o golpe, assim como as principais federações de empresários.