A decisão do PSB de sair do Foro de São Paulo provocou reações nos outros partidos brasileiros do bloco progressista da América Latina. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse ao Congresso em Foco, que vai tentar trazer o partido socialista de volta ao grupo.
“Há tempo o PSB não participava do Foro. É uma pena que tenham oficializado a saída. Não acredito que enfraqueça [o grupo]. Mais a frente podemos retomar a discussão sobre o retorno deles ao Foro”, disse a dirigente petista.
O presidente do PDT, Carlos Lupi, disse ao Congresso em Foco que o partido não participa das reuniões do Foro e “só quem participa pode avaliar” o impacto da saída do PSB.
O site oficial do Foro de São Paulo lista como membros as siglas brasileiras: PT, PDT, PC do B, PCB e Cidadania.
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PublicidadeNo entanto, PDT e Cidadania não participam das discussões grupo e não enviam representantes nas reuniões há vários anos.
No Twitter, o presidente do Cidadania, Roberto Freire, faz críticas ao conjunto dos partidos latino-americanos e deixa claro que foi solicitada a retirada da participação da sigla.
“Há muito tempo, desde quando perdeu qualquer caráter pluralista pela adesão pura e simples ao bolivarianismo antidemocrático que não mais fazemos parte do Foro de São Paulo, que teima em não retirar o nome PPS. Fica o registro já por diversas vezes reiterado”, disse em março de 2019 na rede social.
Na sexta-feira (30), o diretório nacional do PSB aprovou, em reunião em Brasília, uma resolução que aprovava a saída formal do grupo latino americano.
O documento também contém críticas ao governo do venezuelano Nicolás Maduro. O PSB manifestou “repúdio às violações de direitos humanos praticadas pelo governo venezuelano”.
O principal nome da oposição a Maduro, Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, também foi repudiado.
Guaidó começou no início de 2019 uma campanha internacional para ser reconhecido presidente do país sul-americano, o PSB afirma no documento que não reconhece a legitimidade do pleito de Guaidó.
Alvo de Bolsonaro
No dia 23 julho, dois dias antes da reunião deste ano do Foro na Venezuela, o presidente Jair Bolsonaro usou o Twitter para atacar o movimento. O presidente disse que o objetivo dos partidos de esquerda na Venezuela era discutir um plano totalitário para a América Latina.
O Foro de São Paulo também foi criticado pelo guru da família Bolsonaro, o escritor Olavo de Carvalho, que pediu até para que o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) recusasse o convite do pai de ser embaixador do Brasil nos Estados Unidos para ficar no Brasil e conduzir investigações sobre o Foro de São Paulo.
Deputados do PSL estão colhendo assinaturas para criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara dos Deputados contra as atividades do fórum.
O Foro de São Paulo foi criado em 1990 por Luiz Inácio Lula da Silva e o então governante de Cuba Fidel Castro.
A primeira reunião do grupo foi na capital paulista, por isso o nome. Fazem parte partidos de esquerda de países como a Argentina, México, Venezuela, Uruguai, Equador e Nicarágua.
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