Ao deixar o plenário no início da noite de hoje (3), o presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), comentou a intenção de PSDB e DEM em abrir uma CPI exclusiva dos senadores, sob a alegação de que a CPI Mista dos Cartões Corporativos, em funcionamento, estaria impedindo que as investigações chegassem às autoridades governistas (a exemplo da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, cuja convocação foi rejeitada seguidas vezes graças à maioria do governo no colegiado). Para Garibaldi, duas CPIs sobre o mesmo tema não vão resultar em boa coisa.
“Eu vou apelar terça-feira para o bom senso no sentido de que tenhamos uma conduta equilibrada com relação às CPIs, sob pena de ser comprometido o instituto mais valioso para a investigação parlamentar”, disse o senador, que mais cedo conseguiu a convencer a oposição a deixar a leitura do requerimento para terça-feira (8). “Afinal de contas, duas CPIs tratando do mesmo assunto… isso não vai terminar bem.”
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A estratégia de adiar para terça-feira a leitura do relatório tem como objetivo, segundo Garibaldi, tentar um entendimento que impeça a abertura de uma nova CPI. Para ele, o melhor a ser feito é uma apreciação de requerimentos que permita uma investigação mais consistente, por meio de consenso, e em apenas uma comissão (de preferência, segundo ele, na que já está instalada, com a atuação de deputados e senadores). “Já existindo uma [CPI] mista, o que vai acontecer? Duas CPIs tratando do mesmo assunto, ocupando o mesmo espaço e colaborando para que a investigação não vá à frente”, opinou.
“Temos de fazer uma opção pela investigação. Às vezes fico admirado com falta um certo amadurecimento em homens tão maduros, mais maduros do que eu. Não é problema de uma ou duas CPIs; o problema é investigar”, ponderou Garibaldi, lembrando que não adianta a criação de outro colegiado no atual “clima de confronto”. “Não adianta buscar uma CPI ideal, utópica. Não existe essa CPI celestial.”
CPI eleitoral
A respeito do suposto caráter eleitoral de uma CPI exclusiva no Senado, com os holofotes recaindo sobre senadores com forte influência nas campanhas presidenciais de 2010, Garibaldi fez um lembrete. “Parece que não estão se lembrando que tem uma [eleição] antes, em 2008”, disse referindo-se às eleições municipais de outubro.
Em via oposta, diante da hipótese de os governistas urdirem uma retirada em massa de assinaturas aderindo à instalação da CPI exclusiva, Garibaldi fez uma firme advertência. “Se forem retiradas as assinaturas, eu mesmo vou sair de porta em porta de gabinete e providenciá-las. Eu não estou aqui para ser acossado pelo malabarismo, pela falta de compostura parlamentar”, declarou, acreditando que nenhum congressista terá esse tipo de comportamento. “Isso é falta de caráter.”
PublicidadeGaribaldi disse ainda que as convocações da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), que foram requeridas na terça-feira (1) pelo líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), estão aguardando prazos. “O requerimento está apenas cumprindo os prazos. Quando chegar o prazo – que é na próxima semana – será votado”, concluiu. “O problema desse Congresso, desse Senado, é que ora ele vota demais, ora ele vota de menos.” (Fábio Góis)
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