Reportagem da Folha de S.Paulo desta terça-feira (22) mostra que o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) construiu seu patrimônio antes de se declarar empresário, conforme informações cartoriais, da Justiça eleitoral e da Junta Comercial do Rio de Janeiro. Flávio é sócio de uma franquia da Kopenhagen no Via Parque Shopping, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, desde 2015.
Em entrevistas, o deputado estadual atribuiu sua evolução patrimonial à sua atividade empresarial. O salário como parlamentar é o menor de seus rendimentos, afirmou. Segundo a Receita Federal, a empresa foi aberta em 7 de janeiro de 2015, tem mais um sócio e é o único negócio declarado por ele desde que iniciou sua trajetória política em 2002. Na época ele informou à Justiça eleitoral possuir apenas um Gol 1.0, avaliado então em R$ 25,5 mil.
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Flávio e outros 26 deputados estaduais, cujos assessores são citados no relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que registra movimentações suspeitas em contas bancárias, são investigados na área cível pelo Ministério Público do Rio de Janeiro. Os procuradores apuram se eles cometeram improbidade administrativa. De acordo com o Coaf, 75 servidores e ex-servidores movimentaram valores atípicos entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017.
Um dos suspeitos é Fabrício Queiroz, ex-motorista do deputado estadual, que, no período investigado, movimentou mais de R$ 1,2 milhão. No intervalo de três anos, foram R$ 7 milhões. A movimentação, conforme o Coaf, é incompatível com os rendimentos de Queiroz, que, até agora, faltou a todos os depoimentos marcados pelo Ministério Público.
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“Rachadinha”
A principal linha de investigação recai sobre um esquema chamado de “rachadinha”, pelo qual deputados embolsam parte do salário dos servidores. “Não tem. Explico mais uma vez. Sou empresário, o que ganho na minha empresa é muito mais do que como deputado. Não vivo só do salário de deputado”, afirmou o senador eleito à TV Record. O salário de um deputado estadual no Rio é de R$ 25 mil.
De acordo com a Folha, Flávio fez pelo menos 20 transações imobiliárias em 14 anos, entre compras, vendas e permutas – só entre 2014 e 2017, ele adquiriu R$ 4,2 milhões em imóveis.
A reportagem destaca que a maior parte das aquisições ocorreu antes de 2015, conforme dados de cartório. Em alguns casos, o parlamentar fez dívidas e só as quitou depois, quando já tinha a loja. A Kopenhagen informa que “o retorno do investimento aplicado ocorre de dois a três anos após o início das atividades”. No caso de Flávio, só começaria a ocorrer em 2017 ou 2018. Fontes ligadas a esse tipo de franquia afirmam que o faturamento bruto mensal gira em torno de R$ 60 mil.
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Intensa movimentação
O filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro teve uma intensa movimentação imobiliária entre 2012 e 2014 – antes, portanto, da compra da loja. Ele comprou um apartamento no bairro de Laranjeiras e outro na Barra da Tijuca, no Rio. Os dois imóveis foram registrados ao custo de R$ 4,2 milhões, segundo a Folha. Nos dois casos, ele contraiu empréstimos, um na Caixa e outro no Itaú, respectivamente.
Flávio Bolsonaro pagou título de R$ 1 milhão, aponta relatório do Coaf
A dívida de R$ 1 milhão com a Caixa foi quitada em 2017, afirma o deputado estadual. Relatório do Coaf divulgado pelo Jornal Nacional, da TV Globo, sobre movimentações atípicas na conta do filho do presidente identificou o pagamento de um título em valor semelhante. Mas o órgão não conseguiu apurar a data exata nem o beneficiário.
Depois da aquisição da franquia de chocolates, Flávio registrou apenas uma permuta feita por Flávio e uma venda. Ele trocou o imóvel das Laranjeiras por um na Urca e uma sala comercial na Barra, e ainda recebeu R$ 600 mil na operação. Em maio 2018, o apartamento da Urca foi vendido por R$ 1,1 milhão.
Relatório do Coaf aponta 48 depósitos suspeitos na conta de Flávio Bolsonaro