Em discurso convocado por artistas e intelectuais em defesa da democracia, no Rio, ontem à noite, o ex-presidente Lula disse que a presidente Dilma errou com o ajuste fiscal adotado desde o início de seu segundo governo. “É bem verdade que agora Dilma aprendeu uma lição. Ela fez uma proposta de ajuste que nenhum companheiro dela gostou porque o ajuste dela foi pra atender o mercado, e o mercado dela não é o banqueiro, é o povo consumidor, é o trabalhador, o cara que vai comprar carne, que vai ao supermercado. Ela sabe disso”, discursou.
O ex-presidente afirma que a oposição e os setores que defendem o impeachment de Dilma agem como filhos que rejeitam a comida preparada pela mãe, no caso, a presidente. “Ela sabe que faz um ano e quatro meses que ela tomou posse e que eles não dão trégua pra ela. É como se fosse uma casa, a mãe prepara a comida e chegam os filhos e jogam a comida fora. No outro dia jogam fora de novo. Eles não deixam a Dilma governar. Eles não querem que a Dilma governe”, acrescentou.
Confira a íntegra do discurso:
http://youtu.be/SJz1rotv_JQ
O petista pediu aos defensores do impeachment que aprendam com ele: “É importante dizer aos nossos amigos que querem dar golpe que aprendam com o Lula. Saibam esperar. O Lula esperou 12 anos pra chegar lá”. “Perdi em 82 e fiquei quieto. Perdi em 89, roubado pela Globo, e fiquei quieto. Perdi em 94 e 98 e fiquei quieto. Bastou a gente ganhar 2002, 2006, 2010, 2014 para eles mostrarem essa faceta golpista”, acrescentou.
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No ato, milhares de manifestantes entoaram coros como “Lula ladrão, roubou meu coração”, “olê, olê, olê, olá, Lula, Lula” e “Lula guerreiro do povo brasileiro”. Entre os artistas que discursaram, alguns declararam não apoiar o governo Dilma, mas que estavam ali para protestar contra a tentativa de deposição da presidente. “A mensagem não é Dilma fica. É fica e melhora”, disse o ator Gregório Duvivier, ligado ao Psol.
PublicidadeEm vídeo, o ator Wagner Moura afirmou que não considera Dilma uma “presidente extraordinária” e que nunca votou nela. “Mas 54 milhões de outras pessoas votaram”, declarou. “O que acontece hoje é uma tentativa clara de retrocesso da democracia brasileira. Em 2012 houve um golpe no Paraguai. Não é paranoia brasileira. Tenho orgulho de dizer que a minha geração, assim como a de 1964, não está se omitindo”.
Artistas como Chico Buarque, Beth Carvalho, Otto, Zé Celso Martinez, Tico Santa Cruz, entre outros, assinaram o manifesto em “defesa da democracia e contra o golpe”. “Não vai ter golpe”, gritou Chico. “Vai ter luta”, respondeu o público.