Só um dos 19 deputados da oposição que foram processados por terem contrariado seus partidos para apoiar a reforma da Previdência mudou o voto no segundo turno da votação. Foi o Professor Luiz Flávio Gomes (PSB-SP). Ao Congresso em Foco ele disse, contudo, que a mudança não tem relação com o processo que está no conselho de ética do PSB e que até gostaria de sair do partido para ser um deputado “independente”.
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“Não conversei com o partido sobre isso. Minha postura é independente, eu voto de acordo com minha consciência e há divergências pragmáticas entre eu e o partido. Eu vou continuar votando como eu quero, afinal renunciei ao meu salário”, explicou o professor Luiz Flávio Gomes, concluindo que, pelas divergências partidárias, acha que vai ser difícil continuar no PSB.
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O deputado disse ainda que “se quiser, o partido pode aplicar a expulsão”, já que esta é uma das punições que pode ser aplicada aos parlamentares processados no conselho de ética do PSB depois do primeiro turno da Previdência. “É uma decisão deles”, minimizou Gomes.
Ele admitiu, contudo, que o melhor seria fazer um “divórcio consensual”. “Eu respeito o ponto de vista e gosto deles [do PSB], mas eu tenho outro ponto de vista. Vamos ver qual acordo conseguimos fazer”, explicou, reforçando que acha melhor ser liberado “Eu gostaria de ficar sem partido, ser um parlamentar independente”, admitiu Luiz Flávio Gomes.
Previdência
Diante disso, o professor Luiz Flávio Gomes decidiu explicar o motivo pelo qual mudou de voto, manifestando-se contrário à reforma da Previdência, na votação em segundo turno da proposta, na madrugada desta quarta-feira (7). “A reforma é necessária. É uma reforma justa, correta. Tem que fazer. Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma fizeram. O problema não é fazer reforma. Mas nós precisamos de uma reforma justa, sem privilégios. Não admito privilégios e a reforma continua muito injusta”, declarou.
Ele criticou as regras da pensão por morte, da transição e, sobretudo, a isenção previdenciária dada a empresas como a JBS. “O absurdo de colocar o privilégio de isenção previdenciária para a JBS e outras empresas é uma ofensa. Como que, do R$ 1 trilhão da economia, R$ 800 bilhões vêm dos pobres, R$ 200 bilhões da classe média e do empoderado e rico vem zero? Este erro maculou a reforma. Por isso não voto favorável”, alegou.
A isenção, porém, foi aprovada ainda na comissão especial da reforma e já estava no texto aprovado pelo plenário da Câmara no primeiro turno da votação, quando Gomes apoiou a PEC. Ele alegou, então, que votou a favor do texto porque tinha a esperança de mudar esse ponto antes do segundo turno. “Entrou na calada da noite, no último minuto de discussão na comissão especial. Então, votei no primeiro turno com o compromisso de lutar para tirar as injustiças da reforma depois. Nós lutamos, mas perdemos e a JBS e outras empresas ganharam R$ 84 bilhões”. justificou.
No fim, Gomes admitiu que também foi influenciado por parte de seus eleitores a mudar de voto.
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