O deputado João Magalhães (PMDB-MG), acusado de envolvimento em um esquema de desvio de recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), defendeu-se hoje da acusação e classificou como “estranho” o fato de estar sendo processado, uma vez que trabalha em defesa dos pequenos municípios de seu estado.
“Em vez de gestor dos benefícios que, com extrema luta, eu mesmo tenho conseguido para aqueles pequenos municípios junto aos governos federal e estadual, sou, isto sim, quem tem lutado pela aplicação das verbas públicas nas localidades mais carentes", afirmou o Parlamentar.
De acordo com o congressista, no período eleitoral surge “uma fábrica de acusações levianas” para desmoralizar “carreiras políticas populares, estabelecidas dentro dos princípios da lisura".
Conforme destacou o parlamentar, ele não chegou a participar da liberação de recursos do PAC, "sequer na intermediação de financiamentos a municípios junto à Caixa Econômica Federal ou ao BNDES".
No último dia 21 de junho, o superintendente regional da PF em Minas Gerais, David Salém, divulgou o balanço da operação João de Barro, que culminou, entre outros, na busca e apreensão de documentos nos gabinetes dos deputado João Magalhães (PMDB-MG) e Ademir Camilo (PDT-MG). De acordo com Salém, os parlamentares poderão responder por “corrupção e tráfico de influência”.
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Segundo Salém, desde 2006 a PF investiga um esquema de fraudes em obras financiadas por parlamentares e bancos estatais. Os desvios, segundo a entidade, ocorreram em 119 municípios de sete estados (MG, GO, TO, SP, RJ, ES ) e no Distrito Federal.
PublicidadeO esquema
De acordo com a PF, a verba de emendas de parlamentares era determinada por empreiteiras que montavam um projeto que não era implementado de "forma padrão", ou seja, com baixa qualidade. “Por exemplo, em uma obra que vale cem mil foram gastos apenas 50 mil, e o resto foi distribuído” explicou Salém.
Segundo dados da entidade, até o momento, projetos apresentados pelo esquema receberam repasse de R$ 700 milhões. A intenção da Polícia é impedir que mais R$ 2 bilhões sejam desviados de obras do programa federal.
Até às 13h do dia 21 de junho, foram presas 26 pessoas envolvidas no esquema entre empresários e funcionários públicos. Ao todo, a PF pretendem executar 231 mandados de busca e apreensão e 38 mandados de prisão temporária, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Salém ressaltou, no entanto, que nenhum parlamentar foi detido. “Não houve pedido de prisão de parlamentares por questão de ordem técnica, pois os delitos não admitem elementos de flagrante. Então esse tipo de ação ficou inviabilizada”, disse.
O resultado da ação resultará na abertura de 200 inquéritos. “Na segunda fase dessa operação serão realizadas as oitivas das pessoas”, afirmou Salém. (Rodolfo Torres e Erich Decat)