Reportagem da Folha de S. Paulo revela que novos depoimentos tomados pela Polícia Federal nas investigações da Operação Antídoto, sobre a fraude em compras de medicamentos no Amapá, implicaram três ex-secretários de Saúde do estado e o deputado federal Jurandil Juarez (PMDB-AP).
No final do mês passado, 25 pessoas foram presas, entre elas um sobrinho do governador Waldez Góes (PDT). Segundo a PF, as irregularidades provocaram um prejuízo de R$ 20 milhões aos cofres públicos. De acordo com a reportagem do jornal paulista, o nome do deputado apareceu ontem como um dos beneficiários do esquema.
Juarez, que foi secretário de Planejamento e Orçamento, rebateu as acusações. Segundo ele, a única secretaria que tinha "gestão plena" de seus gastos era a da Saúde. "Para todas as secretarias o Orçamento estipulava gastos. Para a Saúde, não. A gente só pagava, pois existe a gestão plena de Saúde no estado", disse o peemedebista à Folha.
As irregularidades eram cometidas, segundo a PF, no momento da entrega dos medicamentos. A empresa vencedora, que fazia proposta com margem mínima de lucro, entregava apenas 60% dos medicamentos vendidos no momento do cumprimento do contrato, explica o repórter José Maschio.
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"No que é público, a licitação, tudo era legal. A fraude era em privado, quando ninguém acompanhava a entrega", disse o superintendente da PF no Amapá, Anderson Rui.
Segundo o advogado Maurício Pereira, que defende o ex-secretário de Saúde Abelardo Vaz, seu cliente enviou ofício à Assembléia Legislativa e ao Conselho Estadual de Saúde para acompanhamento externo da entrega dos medicamentos. O ex-secretário, garante o advogado, não fez licitação no período em que esteve no cargo.
PublicidadeUm dos antecessores de Vaz, Uilton Tavares também negou que tenha havido fraudes durante sua gestão. Tavares substituiu o deputado Sebastião Rocha (PDT-AP), que ocupou a Secretaria de Saúde entre 2003 e 2004. Rocha e Fabíola Serrano, sua mulher, foram ouvidos ontem pela PF. Eles também negam as acusações, mas, segundo a Folha, não quiseram comentar o teor do depoimento. (Edson Sardinha)