O pedido de CPI da Lava Toga perdeu o apoio de mais um senador: Elmano Férrer (Podemos-PI). Ao contrário de outros senadores, Férrer afirma, por sua vez, não ter sido pressionado para enfraquecer o requerimento que pede a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o Supremo Tribunal Federal (STF). Férrer diz que tomou essa decisão por entender que não é o momento de abrir um desentendimento entre o Legislativo e o Judiciário. Mas, no fim, fortaleceu o ato que vai cobrar a instalação da CPI da Lava Toga na Praça dos Três Poderes na tarde desta quarta-feira (25). Sem a assinatura de Férrer, o pedido de CPI fica sem as 27 assinaturas necessárias para ser protocolado no Senado.
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Elmano Férrer foi o último senador a assinar o pedido de CPI que vem sendo defendido pelo grupo Muda Senado. O requerimento já havia perdido a assinatura de Maria do Carmo (DEM-SE). Senadores alegam que Maria do Carmo sofreu pressão para retirar a assinatura do pedido, assim como Selma Arruda (Podemos-MT), que chegou até a sair do PSL depois de se desentender com o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) por entender que a CPI da Lava Toga é necessária. Alguns senadores disseram que o mesmo ocorreu com Elmano Férrer, desde que ele ocupou o espaço deixado por Maria do Carmo no pedido de CPI.
Em entrevista ao Congresso em Foco, contudo, Férrer declarou que não sofreu pressão de nenhum senador antes de tomar essa decisão. “Eu assinei o pedido no plenário, porque meus colegas de partido disseram que só faltava eu assinar. Mas depois procurei meus assessores e entendi que isso poderia gerar um conflito, ter um desdobramento. Então, fui convencido a retirar”, alegou o senador.
Apesar de falar em convencimento, Elmano Férrer disse que a decisão de retirar a assinatura do pedido de CPI foi pessoal. “Meu desejo é que haja um entendimento entre os poderes. Os poderes são independentes, mas devem ser harmônicos”, justificou o senador, dizendo que a CPI traria uma complicação entre os poderes e, por isso, poderia atrapalhar o andamento de pautas importantes para a recuperação do Brasil.
“Estamos retomando de dificuldades muito grandes. É um momento crítico da vida nacional, que pede entendimento. Mas eu estou percebendo a radicalização de uns poucos. Acho que o caminho não é esse. Devíamos buscar entendimento”, declarou Férrer. Segundo ele, apesar de a Constituição permitir que o Legislativo investigue o Judiciário, a instalação da CPI da Lava Toga seria algo extremo. “Não seria bom para o país”, afirmou.
Questionado sobre quais impactos esse desentendimento com o Judiciário poderia provocar, Férrer disse que “tudo é possível”. Ele, porém, não comentou mais o assunto. Só disse que “ninguém quer um retrocesso democrático”. Para ele, o que há na verdade é uma “inquietação coletiva pela solução dos problemas econômicos”.
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Ato na Praça dos Três Poderes
Os senadores que defendem a CPI da Lava Toga, por sua vez, vão participar de um ato para cobrar a investigação do Judiciário na Praça dos Três Poderes na tarde desta quarta-feira. Eles alegam que tanto o Executivo quanto o Legislativo foram investigados através de operações como as da Lava Jato e que, portanto, agora seria a vez de o Judiciário ser “passado a limpo”.
Além da CPI, esses senadores pedem o fim do foro privilegiado e a avaliação dos pedidos de impeachment que já foram apresentados contra os ministros do STF. E eles garantem que a população concorda com essas pautas.
“Estão vindo ônibus do Ceará, Minas Gerais, Mato Grosso, Rio de Janeiro e Paraná, além de muita gente de Brasília. O povo vai mostrar o grito pela CPI”, afirmou o senador Eduardo Girão (Podemos-CE), dizendo que a população tem cobrado a instalação da CPI da Lava Toga. “As pessoas vão ocupar a Praça dos Três Poderes e dizer, olhando para o Congresso e o Supremo, que não está gostando disso, que quer que os poderes assumam suas obrigações constitucionais”, acrescentou o líder do PSL no Senado, Major Olimpio (SP).
Autor dos três requerimentos apresentados só neste ano a favor da CPI da Lava Toga, Alessandro Vieira (Cidadania-SE) também participará do ato e diz que os movimentos MBL e Vem pra Rua também estarão na Praça dos Três Poderes. A expectativa dos senadores é, portanto, que o ato desta quarta motive mais dois senadores, que já estão em conversa com o Muda Senado, a assinar o pedido de CPI da Lava Toga para que ele possa ser novamente protocolado no Senado.
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