A semana que se inicia em Brasília é marcada pela apreensão. Diante da incerteza sobre o que poderá acontecer na terça-feira, dia 7 de setembro, quando o Brasil comemora 199 anos da independência, o Congresso resolveu esvaziar a pauta. O receio era que a presença maciça de deputados e senadores pudesse estimular manifestantes a tentarem algo semelhante ao que aconteceu nos Estados Unidos, quando aliados do ex-presidente Donald Trump invadiram o Capitólio após a sua derrota, em episódio que resultou em cinco mortes.
Tratou-se, assim, de evitar qualquer tipo de situação que pudesse estimular reações semelhantes. Especialmente na CPI da Covid, que tem sido o maior palco de dissabores ao governo do presidente Jair Bolsonaro. Por isso, a CPI não terá esta semana sessões e depoimentos. Os senadores tratarão de organizar documentos na preparação do relatório final, que deverá ser apresentado até o final deste mês.
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As sessões da comissão retornarão no dia 14 de setembro. A intenção do vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), é que os depoimentos retornem com o advogado Marconny Faria, apontado como lobista da Precisa Medicamentos, empresa envolvida na intermediação de venda da vacina indiana Covaxin ao Ministério da Saúde. Na semana passada, Marconny não compareceu a seu depoimento e encontra-se foragido.
Da mesma forma, não deverá haver sessões deliberativas nos plenários da Câmara e do Senado. Há uma remota perspectiva somente sobre a continuação do Código Eleitoral, mas o mais provável é que ela seja adiada para a próxima semana.
Com a estratégia de concentrar os atos em Brasília e em São Paulo, para onde estão se deslocando caravanas de outros pontos do país, a expectativa é de manifestações grandes nas duas cidades. O presidente Jair Bolsonaro afirmou que irá aos dois atos, e discursará em ambos. No encontro de direita ocorrido no sábado em Brasília, o CPAC Brasil 21, Bolsonaro comprometeu-se com a realização de manifestações pacíficas e, contrariando o que dissera antes, afirmou que se manterá dentro das “quatro linhas da Constituição”, mas exigiu dos representantes dos demais poderes que façam o mesmo, dizendo que há “um ministro do Supremo” numa clara a referência a Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que não vem agindo assim.
Apesar do discurso de Bolsonaro, há aliados dele que continuam incendiando a manifestação. Um deles é o caminhoneiro Marcos Antônio Pereira Gomes, conhecido como Zé Trovão, que, foragido desde que foi decretada na sexta-feira (3) sua prisão, vem produzindo vídeos em que afronta a Justiça. Os grupos de caminhoneiros ligados a ele ameaçam fechar rodovias no Dia da Independência.
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