Ao autorizar a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), acabou provocando a reação do governador, Marconi Perillo (PSDB). Na tarde desta quarta-feira (13), o tucan0 telefonou para o líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PE) autorizando a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira a acessar também seus dados sigilosos. A quebra deverá ainda ser formalizada pelos integrantes da comissão.
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Agnelo autorizou a quebra dos sigilos pelo período de dez anos, contados retroativamente a partir de hoje. Sua intenção é provar aos parlamentares que não houve irregularidades na compra de uma casa no Lago Sul com mais de 500 metros quadrados em 2007. O imóvel custou R$ 400 mil. O petista disse aos parlamentares hoje que o negócio foi possível pela soma da renda dele e da sua mulher, que é médica aposentada. Em 2006, ele declarou patrimônio de R$ 224 mil. A transação ocorreu depois de ser nomeado diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Para petistas, as explicações de Agnelo foram suficientes. Durante a sessão, Agnelo assinou a autorização para a quebra de sigilo, provocando aplausos de apoiadores. Antes, ele foi pressionado por oposicionistas a assinar um termo concordando com o acesso aos dados. “Se o senhor realmente quer abrir seu sigilo, tem que assinar o documento. Ou amanhã a gente vai votar a quebra do sigilo e isso não é espontâneo”, pressionou o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS).
Além de entregar informações sobre a compra do imóvel, o petista acabou provocando uma reação do governador de Goiás. Perillo ligou para o líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PE), e autorizou a bancada a pedir a quebra de seu sigilo bancário e telefônico. “O que for feito para um, certamente será feito para o outro. O PSDB apoia a quebra do sigilo e quer votar logo”, disse Araújo.
Jogo para a plateia
PublicidadeA atitude de Agnelo não resultou apenas na reação de Perillo. Ela também acabou neutralizando o contra-ataque planejado por integrantes do PSDB e do PPS na CPI, criada para investigar as relações do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com agentes públicos e privados. Eles iam pedir a ampliação da quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do petista para chegar ao período da compra de uma casa no Lago Sul, área nobre da capital.
Parlamentares ouvidos pelo Congresso em Foco dizem que, ao autorizar o acesso aos dados pela CPI, Agnelo jogou para a platéia. Eles argumentam que o governador do DF já teve os sigilos quebrados em investigação do Superior Tribunal de Justiça (STJ). “O problema é que não sabemos até quando a quebra foi determinada. Por isso, vamos pedir que a quebra chegue à compra da casa”, disse o líder do PPS, Rubens Bueno (PR).