Recebi, via e-mail, mensagem assinada por um tal de Caio Mesquita, que se autoidentifica como sócio-fundador e CEO da empresa Empiricus.
Leio e abro um dos sites indicados. São mais de 30 páginas: leio-as.
A página de apresentação do site é uma foto do Lula. Fotos daquelas trabalhadas (Photoshop) para expor um cidadão da pior maneira possível. Ao ver a imagem, lembrei-me das capas da golpista Veja. Aliás, é bom salientar, a última capa da Veja atacando Marisa Leticia demonstra que respeito, humanismo e solidariedade desapareceram não só da Veja, mas da maioria dos meios de comunicação do Brasil.
A foto é em preto e branco, com o dedo em riste e com “rachaduras” no crânio e no pulso/mão esquerda, deixando clara a ausência do dedo amputado por um acidente de trabalho.
Observo: atualmente, o Brasil, apesar do alto desemprego, registra mais de 700 mil acidentes de trabalho por ano. Os pobres de espírito e de humanismo, ao atacarem Lula, atacam todas essas vítimas.
O texto, com os anexos (mais de 30 páginas), contém frases em negrito, algumas sublinhadas, com cores diferentes, predominando o vermelho, fotos e enorme agressividade contra Lula. Um verdadeiro terror.
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O texto do site indicado inicia afirmando que “O ex-presidente (Lula) cresce a cada dia nas pesquisas e seu retorno em 2018 pode trazer prejuízos definitivos aos seus investimentos”.
Ora, o senhor Mesquita pensa que todos somos idiotas, que não temos memória, que esquecemos o que era a economia brasileira no final de 2002, após oito anos de governo do PSDB. No governo FHC, o Brasil quebrou duas vezes e a última foi em 2002, quando recorreu ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
Claro que este tipo de texto pode assustar alguns, principalmente os idiotas. Ocorre que não sou idiota, conheço relativamente a política e sei o que foi o governo Lula. Não especificarei em números, mas foi o período recente da história com maior desenvolvimento econômico, com crescimento e distribuição de renda: mais de 30 milhões de pessoas deixaram de passar fome. Sim, deixaram de passar fome.
A mensagem traz muitas pérolas. Uma delas é a seguinte frase: “Saiba exatamente o que você precisa fazer AGORA para se proteger daquilo que pode ser o maior pesadelo para suas finanças nos últimos 27 anos”.
O senhor Mesquita nos remete ao governo Collor, que realmente foi um pesadelo.
Collor governou o Brasil no inicio da década de 1990, considerada no Brasil e na América do Sul, como uma década pior que a de 1980. Ocorre que a década de 1980 foi considerada a década perdida. Ao fazer esta análise, é fácil concluir que o governo FHC, que governou durante seis anos da década de 1990, foi considerado a continuidade do pesadelo.
O texto que comento foi sugestão de leitura feita, através de uma amável cartinha, do CEO Mesquita. Na cartinha, o missivista (existe ainda nestes tempos de mensagens eletrônicas?) diz que previu, em 2014, o fim do Brasil e que 2015 foi um ano de ganhos. Precisa destruir o Brasil para alguns poucos ganharem: os financistas.
Os financistas têm medo do Lula, por uma simples razão: Lula declarou que, se voltar em 2018, colocará em prática uma política econômica diferente da desenvolvida pelos golpistas. Entre o capital e a renda pelo trabalho, qualquer pessoa decente, humana e solidaria fará a opção por gerar emprego e aumentar a renda de quem trabalha. É esta a política do PT e de Lula.
Empírico, segundo o Houaiss (eletrônico), quando substantivo masculino, tem um sentido pejorativo, é o “profissional que alardeia qualidades ou conhecimentos de que carece; charlatão”.
Entendo a orientação do senhor Caio Mesquita como um substantivo masculino e isto fica claro quando, no fim do texto de mais de 30 páginas, há um box com “Informações importantes”, onde escrevem:
Os conteúdos da Empiricus visam informar sobre possibilidades de lucro financeiro sugeridas na forma de diferentes estratégias de investimento, eximindo-se a empresa de qualquer responsabilidade sobre eventuais prejuízos do cliente em decorrência da tomada de decisão deste.
Ao fim da leitura, concluí que eles (Empiricus) estão mais para charlatões do que alguém que agiria por experiência e análise do mercado.