Mário Coelho
Após o pedido de intervenção federal proposto pela Procuradoria Geral da República (PGR), a Câmara Legislativa decidiu montar um pacote para evitar a nomeação de um interventor na capital do país. A Mesa Diretora, reunida com líderes partidários, elaborou um cronograma na tentativa de dar satisfação sobre as investigações do esquema de corrupção e propina dentro do governo do Distrito Federal e do próprio Legislativo.
O primeiro passo será analisar, na próxima quinta-feira (18), os três pedidos de impeachment contra o governador afastado José Roberto Arruda (sem partido), que está preso desde ontem na Superintendência da Polícia Federal em Brasília. No mesmo dia, os distritais vão escolher os dois integrantes que faltam para completar a composição da CPI da Corrupção. Com a saída de Eliana Pedrosa (DEM) e Geraldo Naves (DEM), a comissão ficou com apenas três integrantes.
De acordo com o relator dos processos de impeachment na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Batista das Cooperativas (PRP), os pedidos serão admitidos. Depois, eles serão encaminhados para a comissão especial, que ainda não tem composição definida. O cronograma prevê que, também na quinta-feira, os nomes serão indicados pelos líderes partidários.
Os processos por quebra de decoro parlamentar contra oito deputados envolvidos no mensalão do Arruda também serão analisados. O corregedor ad hoc da Câmara, Raimundo Ribeiro (PSDB), deve apresentar seus pareceres em 26 de fevereiro. Eles não possuem caráter terminativo. A decisão do tucano será encaminhada depois para a Comissão de Ética, que define se abre processo contra os distritais ou não.
O pacote para salvar a Câmara não agradou deputados da oposição. Na visão dos oposicionistas, as medidas são insuficientes e não mostram atitude da Câmara para evitar o pedido de intervenção. Para o deputado Cabo Patrício (PT), hoje já deveria ter saído a decisão relacionada aos processos de impeachment e ao afastamento dos distritais envolvidos no mensalão. “A crise não acaba com a saída de Arruda. Os deputados flagrados em vídeo também devem se afastar”, afirmou.
Já Batista das Cooperativas afirma que o Legislativo tem tomado “as medidas necessárias” para estancar a crise. Diz que o tempo decorrido desde a realização da Operação Caixa de Pandora, em 27 de novembro, é pouco para pensar em ações políticas. Por isso, acabou criticando o pedido de intervenção feito pela PGR. “Isso é uma coisa que não existe no estado democrático de direito”, afirmou Batista.
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