Edson Sardinha
O presidente Lula disse hoje (1º) que vai discutir com sua colega chilena, Michelle Bachelet, uma forma de ajudar o Chile, fortemente atingido por um terremoto que matou mais de 700 pessoas no último sábado. Em seu programa semanal de rádio, Lula afirmou que ainda não conseguiu conversar com Michelle por causa de problemas no sistema telefônico chileno, que funciona precariamente desde os abalos que alcançaram 8,8 graus na Escala Richter.
“Nós vamos fazer tudo que tiver ao nosso alcance para ser solidário ao Chile, como estamos sendo solidários ao Haiti. O Chile tem uma vantagem, ou seja, o Chile é um país mais estruturado. É um país que, historicamente, vem vivendo com terremoto e, portanto tem uma defesa civil mais preparada, é um pais mais rico, as construções são mais sólidas; mas naquilo que for necessário nós vamos ser solidários. E, obviamente, que vai depender da conversa minha com a presidenta Michelle Bachelet nos próximos dias, e depois nós vamos mandar as nossas equipes para discutir o que ela precisa”, afirmou o petista no Café com o Presidente.
Ainda no programa desta segunda-feira, Lula fez balanço positivo da 2ª reunião da Cúpula da América Latina e do Caribe, da qual participou na semana passada, e disse ter ficado impressionado com a destruição causada pelo terremoto no Haiti, durante a visita que fez ao país.
“No Haiti nós fomos para ver com nossos olhos aquilo que nós já sabíamos pela imprensa, mas nada, nada é mais forte do que a gente ver com os próprios olhos o que o terremoto fez no Haiti. O Brasil tem uma forte política de solidariedade com o Haiti, vamos continuar fortalecendo essa solidariedade. O Brasil decidiu, junto com a UNASUL (União das Nações Sul-americanas), fazer uma doação de 100 milhões de dólares, proporcional para cada país, em função da população e do PIB”, declarou.
Leia a íntegra do Café com o Presidente ou ouça aqui o programa:
“Apresentador: Presidente, o senhor está falando de São Bernardo do Campo, São Paulo, e nós estamos nos estúdios da EBC, aqui em Brasília. O senhor passou a semana passada visitando vários países da América Latina. O que o senhor destacaria de mais importante dessas visitas, Presidente?
Presidente: Eu penso que algumas coisas foram extremamente importantes para o Brasil e a sua relação com América Latina. Eu destacaria a 2ª reunião da Cúpula da América Latina e do Caribe; ou seja, em 200 anos de Independência é a segunda vez que nós conseguimos reunir todos os países do Caribe, mais a América Latina, e resolvemos transformar tudo isso numa integração mais forte, criando uma instância que vai poder normatizar a nossa atuação. Eu acho que foi extremamente importante, porque antigamente esses países todos estavam olhando muito para os Estados Unidos, muito para a Europa, e agora nós estamos percebendo que nós temos muitas coisas para fazer entre nós, muitos acertos, muito comércio, e muita democracia para exercitar. Uma outra coisa extremamente importante foi a reunião bilateral Brasil – México, para tratar sobretudo da questão cultural, da questão comercial. Portanto, o Brasil precisa olhar com mais carinho para o México, o México olhar com mais carinho para o Brasil. Nós olharmos para o desenvolvimento dos dois países. Fizemos uma grande reunião com empresários mexicanos e brasileiros. Nós precisamos estabelecer uma normatização, porque Brasil e México têm potencial de ter uma balança comercial de mais de mais 20 bilhões de dólares, e não apenas de sete bilhões de dólares. Luciano, eu passei em Cuba, porque nós tínhamos que assinar alguns acordos sobre a questão do financiamento da reconstrução do Porto de Mariel, que é uma obra muito grande, é uma obra de quase 600 milhões de dólares e, portanto, numa perspectiva de maior integração comercial. Mas nós achamos que na medida que o embargo contra Cuba vai diminuindo a cada dia que passa, e nós acreditamos que o comércio entre Brasil e Cuba vai crescer, e o comércio entre Cuba e outros países vai crescer muito. Depois eu passei em El Salvador, onde o Brasil está trabalhando o acordo para financiamento para exportação, de serviços e exportação de ônibus para El Salvador. Foram importantes porque a cada país que nós visitamos nós levamos um grupo de empresários, e tudo isso vai criando condições da gente aumentar a nossa relação comercial. Eu disse no meu discurso que era importante que os empresários brasileiros construíssem parcerias com os empresários salvadorenhos para exportar produtos para os Estados Unidos, mas também para exportar para o Brasil, para que haja um equilíbrio na balança comercial, porque hoje ela é muito favorável ao Brasil e muito deficitária a El Salvador.
Apresentador: Você está ouvindo Café com Presidente, o programa de rádio do Presidente Lula. Presidente, um dos países visitados foi o Haiti. O senhor, inclusive, sobrevoou o país e pode constatar a devastação causada pelo terremoto. Como está a reconstrução do país?
Presidente: No Haiti nós fomos para ver com nossos olhos aquilo que nós já sabíamos pela imprensa, mas nada, nada é mais forte do que a gente ver com os próprios olhos o que o terremoto fez no Haiti. O Brasil tem uma forte política de solidariedade com o Haiti, vamos continuar fortalecendo essa solidariedade. O Brasil decidiu, junto com a UNASUL (União das Nações Sul-americanas), fazer uma doação de 100 milhões de dólares, proporcional para cada país, em função da população e do PIB. Nós vamos conversar com países doadores que o Brasil faz parte, para que a gente possa trabalhar a recuperação. Na verdade, na verdade, Luciano, para ser sincero, é preciso quase que reconstruir um outro país, sobretudo a partir da capital. Eu penso que tem muita solidariedade, tem muito trabalho, para que a gente possa recuperar o Haiti, definitivamente, e fazer com que aquele povo viva com mais dignidade, com mais cidadania.
Apresentador: Presidente, depois do Haiti, agora o Chile sofre as conseqüências de um terremoto, ocorrido no último sábado. De que forma o Brasil poderá ajudar aquele país?
Presidente: Olha, eu tenho acompanhado esses dois dias pela televisão. Tenho conversado com o Itamaraty, com o ministro Celso Amorim, ele tem conversado com a Embaixada Brasileira, tentamos falar com a Presidenta Michelle Bachelet, mas teve um problema de linha telefônica que não funcionou. Nós vamos fazer tudo que tiver ao nosso alcance para ser solidário ao Chile, como estamos sendo solidários ao Haiti. O Chile tem uma vantagem, ou seja, o Chile é um país mais estruturado. É um país que, historicamente, vem vivendo com terremoto e, portanto tem uma defesa civil mais preparada, é um pais mais rico, as construções são mais sólidas; mas naquilo que for necessário nós vamos ser solidários. E, obviamente, que vai depender da conversa minha com a presidenta Michelle Bachelet nos próximos dias, e depois nós vamos mandar as nossas equipes para discutir o que ela precisa. Mas esteja certo, Luciano, que mais uma vez o Brasil será solidário com o povo chileno e com qualquer outro povo que sofra qualquer catástrofe.
Apresentador: Muito obrigado, Presidente Lula, e até a próxima semana.”
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