Mário Coelho
A bancada de senadores do DEM chegou a um consenso nesta terça-feira (1º): o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, deve sair do partido. Porém, os parlamentares ainda não conseguiram se entender sobre a forma como isso deve acontecer. Uma parte defende a expulsão sumária, enquanto outra quer um processo na comissão de ética do partido.
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No caso de um rito sumário, Arruda poderia ser expulso do partido hoje à tarde, durante reunião da Executiva nacional do DEM. Já a investigação feita pelos colegas levaria dez dias. Os senadores decidiram que é preciso a abertura de um processo disciplinar, que não passe do fim da próxima semana.
Desta maneira, os senadores acabam com posições similares, já que ambos os processos preveem defesa do governador, envolvido no inquérito da Operação Caixa de Pandora. Ele é acusado de participar de um esquema de pagamento de propinas, por empresas de informática e prestadoras de serviços, a secretários de Estado e deputados distritais.
Apesar da reunião e do consenso em algumas partes, os senadores permanecem divididos. Na saída do encontro, somente o líder da bancada, José Agripino (DEM-RN), falou com a imprensa. Os outros saíram calados. A exceção foi Demóstenes Torres (DEM-GO), que disse que apresentará um requerimento para a expulsão de Arruda do partido. “Minha posição permanece”, disse Demóstenes. O senador goiano, José Agripino e o líder do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), são os principais defensores da expulsão do governador do DF.
“As posições são muito próximas”, afirmou Agripino. Mesmo assim, o potiguar ainda vai buscar mais apoio para a posição da sua bancada. Ele vai conversar com Caiado e representantes da bancada na Câmara. A intenção é levar uma posição unificada dos parlamentares à reunião da Executiva às 16h de hoje.
Ameaças
“Nós não consideramos essa ameaça hipotética”, disse Agripino, ao ser questionado sobre as ameaças feitas por Arruda para permanecer no DEM. De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, o governador afirmou, na reunião de ontem: “se vocês radicalizarem comigo, eu radicalizo”. Arruda teria ameaçado a cúpula partidária de revelar que as mesmas empresas que são alvo da Operação Caixa de Pandora contribuíram para diferentes campanhas democratas pelo país.
A resposta de Agripino foi uma maneira de afastar a pressão feita por Arruda desde o fim de semana. Segundo membros da bancada ouvidos pelo site, o governador ameaçou atingir especialmente a campanha de Gilberto Kassab (DEM) à prefeitura de São Paulo no ano passado. Com temor de que as revelações respinguem em boa parte da bancada, alguns senadores decidiram colocar o pé no freio da expulsão.