Líder do MDB e autor da proposta de reforma tributária da Câmara, o deputado Baleia Rossi (SP) assume a presidência nacional do MDB neste domingo (6). Aos 47 anos, Rossi será o presidente mais jovem da história do partido. É uma conquista que se concretiza através de uma candidatura única, apoiada por nomes tradicionais e também pela juventude do partido, mas que traz um grande desafio para o deputado: recuperar a relevância do MDB com um discurso que alie a história da sigla com o desejo de renovação política que emana da sociedade.
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Em entrevista ao Congresso em Foco, Baleia Rossi admitiu que assume o MDB neste domingo, na convenção nacional do partido em Brasília, com a missão de aproximar a sigla da população. “O primeiro objetivo, que era recuperar a unidade do partido, nós já conseguimos. Agora, nosso grande desafio é reconectar o partido com os anseios da sociedade”, afirmou o novo presidente do MDB, que promete ouvir a militância nas decisões estratégicas do partido daqui para a frente. “O MDB é o partido que mais filiados tem no Brasil. Então, queremos deixar de ter uma executiva nacional que imponha as bandeiras, para discutir as novas bandeiras com a militância. Temos histórias de luta em favor do Brasil, pela justiça social e pela democracia. Bandeiras caras à sociedade. Mas a sociedade mudou e nós precisamos acrescentar novas bandeiras ao MDB”, afirmou Rossi.
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Questionado sobre quais bandeiras serão essas, o deputado disse que a resposta virá das consultas que fará à militância nos próximos meses. “Vamos adotar a ‘votocracia’ na nossa gestão, que é respeitar a vontade popular através do voto”, disse, explicando que decisões como essa não serão mais votadas pela cúpula do MDB, mas por um fórum que vai contemplar todos os movimentos sociais do partido. “Ninguém faz nada sozinho. Se tivermos uma gestão democrática, temos mais chances”, argumentou Rossi, lembrando que sua própria candidatura é resultado desse esforço coletivo, que conseguiu unir diversas alas do partido e representa “a vontade de todos de renovação política”.
Ele admitiu, por sua vez, que o combate à corrupção, que tem feito outros partidos ganharem força no Brasil, está no radar do MDB. Talvez seja por isso que, ao invés de nomes tradicionais como Michel Temer e Romero Jucá, que já apareceram em denúncias de corrupção, seja uma figura “nova” como Baleia Rossi que vai assumir a presidência do MDB. “É uma bandeira que precisa ser seguida pelo MDB, porque é algo que precisa ser discutido, é um anseio da população. Mas claro que dentro do processo legal, com ampla defesa e presunção de inocência”, afirmou Baleia Rossi, que promete “enfrentar essa questão da luta pela ética que é cara a toda a sociedade” sem ser um tribunal que desrespeita as decisões da justiça.
Sobre o legado histórico que vai tentar preservar mesmo com a entrada dessas novas bandeiras, Rossi disse que o grande objetivo do MDB é a “defesa da democracia, que traz resultados como a justiça social, a geração de empregos e oportunidade”. “Não dá para aceitar um país com 20 milhões de desempregados e mais sete milhões de pessoas que nem estudam nem trabalham. Temos que reverter esse quadro”, afirmou.
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Eleições
Além de renovar o MDB, Baleia Rossi tem a missão de recuperar a relevância da sigla. Afinal, apesar de dizer que continua sendo o “maior partido do Brasil”, o MDB perdeu relevância nacional nas últimas eleições. E é por isso que, apesar de ter renovado todos os nove cargos executivos do diretório nacional, o novo presidente do MDB manterá nomes experientes por perto. Romero Jucá, que assumiu a presidência da sigla depois de Michel Temer e hoje entrega o cargo a Rossi, por exemplo, continuará com direito a voto na executiva nacional.
“Todas as lideranças que estão participando desse processo [de eleição da diretoria] entendem que precisamos nos preparar para 2020. Tanto é que chamei os três governadores para que sejam membros da executiva nacional, tanto o Ibaneis Rocha, que foi muito importante para conquistarmos a unidade do partido, quanto Renan Filho e Helder Barbalho, além dos quatro prefeitos de capital. Precisamos escutar a experiência de quem já disputou voto e enfrentou a dificuldade da conquista da confiança da população para estabelecer as metas do partido”, argumentou Rossi.
É certo, então, que o MDB vai tentar chegar com o maior número de candidatos possíveis nas eleições municipais do próximo ano. Já sobre os planos para 2022, Baleia Rossi prefere deixar em aberto. Apesar das conversas de que o MDB pode se unir ao DEM para lançar uma candidatura única na próxima eleição presidencial, talvez em torno de nomes como o de Rodrigo Maia, Rossi afirmou que pela, “postura histórica de ser protagonista”, é natural que o MDB deseje ser cabeça de chapa em 2022. Ele destacou, contudo, que isso tudo ainda será conversado.
“Vamos preparar o partido. Queremos sair de 2020 como o maior partido do Brasil e depois vamos dialogar com outros partidos que sejam do centro-esquerda ou do centro-direita e que comungam dos mesmos ideais que a gente. O diálogo é muito importante para a política, principalmente neste momento em que vemos a radicalização do debate. Se conseguirmos um diálogo amplo, a chance de acertamos é maior. E, para isso, também vamos dar voz à militância”, desconversou Rossi, que se disse disposto a conversar com o DEM, mas também com PP, PTB, PSD, PSDB e PDT.
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