Embora, de acordo com os registros públicos do STF, não haja qualquer inquérito ou ação penal em tramitação contra o peemedebista, o vice-presidente já sofreu outras acusações de desvio de conduta ao longo de sua vida pública, como mostra a nova edição da Revista Congresso em Foco. Todas foram arquivadas. Uma das mais pesadas diz respeito às suas relações com o jogo do bicho. Quando secretário de Segurança Pública de São Paulo, a partir de 1984, ele defendeu a legalização desse tipo de jogo.
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Dados da época apontam que, durante sua gestão, o número de flagrantes contra bicheiros caiu em São Paulo. Em 1994, na CPI do Bicho que funcionou na Assembleia Legislativa do estado, Álvaro Luz, delegado-geral da gestão de Temer como secretário de Segurança, afirmou que era orientado a só reprimir os bicheiros se eles agissem de maneira “ostensiva”.
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O ex-deputado Del Bosco Amaral (PMDB-SP) chegou a formalizar na Justiça denúncia contra Temer. No processo, apurou o repórter Edjalma Borges para a Revista Congresso em Foco, Del Bosco alega que o então secretário “teve apoio dos piores setores policiais, inclusive daqueles ligados ao jogo do bicho, a chamada corretagem zoológica”. De acordo com o ex-deputado, o peemedebista “tinha um comitê político instalado de forma indireta na Secretaria de Segurança Pública e não agiu com rigor contra a contravenção denominada jogo do bicho”. O caso chegou ao Supremo em 1986 e foi arquivado em 2006, sem que o Judiciário apontasse qualquer fundamento na denúncia.
Por recomendação do Ministério Público Federal, também foram arquivados dois inquéritos abertos contra Temer no Supremo Tribunal Federal. Um deles tinha como objetivo apurar se ele recebeu ilegalmente, enquanto deputado federal, dinheiro de empresas que venceram licitação para operar na Companhia de Docas do Estado de São Paulo (Codesp). No outro, era acusado de ter depredado uma área de reserva natural para construir uma estrada de acesso a um imóvel de sua propriedade, na Chapada dos Veadeiros (GO).
Mais recentemente, o vice-presidente, que tem entre suas reconhecidas virtudes o preparo jurídico e a habilidade política, foi citado na delação premiada do senador Delcídio do Amaral (MS), eleito pelo PT e que até novembro era o líder do governo no Senado. Também foi citado pelo lobista Júlio Camargo, o mesmo que confessou ter repassado US$ 5 milhões em propina a Eduardo Cunha; na planilha apreendida com um dos ex-executivos da Camargo Corrêa; e em uma troca de mensagens por telefone entre Cunha e o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro. No último caso, Cunha diz a Léo Pinheiro que os deputados estão incomodados de Temer já ter recebido a parte dela na propina, pelas mãos do ex-governador do Rio Moreira Franco, enquanto os aliados do atual presidente da Câmara continuavam a ver navios.
Temer, cuja assessoria negou os pedidos de entrevista feitos pela Revista Congresso em Foco, sempre negou o seu envolvimento em qualquer ato ilícito.
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