Edson Sardinha
O governador licenciado do Distrito Federal, José Roberto Arruda, enviou uma carta aos funcionários públicos do DF em que pede a continuidade das obras iniciadas por seu governo. Preso desde ontem na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, Arruda se diz vítima de “campanha difamatória” em “níveis jamais vistos na vida pública”, de “golpes baixos”, de denúncias “torpemente preparadas” e de “maquinações diabólicas”.
O governador é acusado de comandar um esquema de corrupção no GDF e de tentar corromper uma testemunha do processo desencadeado pela Operação Caixa de Pandora. Arruda aguarda a análise de um habeas corpus pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que contesta a sua prisão, determinada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, autor do pedido de prisão, também solicitou ao Supremo intervenção federal no DF.
Veja a íntegra da carta enviada ontem (11) por Arruda:
“Carta do governador afastado José Roberto Arruda aos funcionários públicos do Distrito Federal:
“Meus amigos do GDF,
No instante em que a campanha difamatória atinge níveis jamais vistos na vida pública brasileira e que as denúncias torpemente preparadas atingem não apenas a mim, como chefe do Executivo eleito pelo voto popular, mas ao governo como um todo e a toda Brasília, pedi licença do cargo que exerço para que, com o vice-governador Paulo Octávio, vocês possam dar seguimento a todas as obras e a todos os projetos que vínhamos executando.
Peço a vocês que não interrompam nenhuma obra e que todas, desde o pequeno asfalto numa rua de uma cidade mais pobre até as grandes obras do sistema viário, as escolas, as Vilas Olímpicas, os postos de saúde (UPAs), enfim, que todas possam seguir em frente e ser concluídas como deseja e merece a nossa população.
Nos momentos mais graves da vida brasileira, como o agosto/54, o impeachment de Collor, e mais recentemente a crise do mensalão do PT ou no governo do Rio Grande do Sul, não se viu medidas coercitivas dessa gravidade.
Ainda ontem (10) meus advogados legalmente constituídos foram ao STJ e propuseram ao relator um depoimento meu, que foi considerado desnecessário.
Hoje (11), essa decisão.
Com muita fé em Deus vou manter o equilíbrio e a serenidade para contribuir não apenas com a total elucidação dos fatos presentes mas também com uma mudança na legislação eleitoral e política brasileira que dá aos vândalos os métodos próprios de sucessivas eleições e aos ingênuos as penas máximas da visão que impera onde o importante não é seguir a lei, mas saber ludibriá-la.
Aos meus amigos pessoais agradeço a solidariedade e dou-lhes a certeza de que vamos superar esse triste episódio, fazendo prevalecer a verdade sobre as armadilhas, as farsas, os golpes baixos da política, sobre as maquinações diabólicas que, mais cedo ou mais tarde, serão desmascaradas.
À minha família, Flávia saberá levar as palavras de amor e serenidade que o momento exige.”