Roseann Kennedy
Estive fora por uns dias, tratando de um problema de saúde. Me vejo de volta num momento em que as pesquisas de intenção de voto mostram uma vantagem cada vez maior de Dilma Rousseff sobre José Serra. Um cenário de difícil alteração no quadro eleitoral e que determina estratégias antagônicas dos dois principais adversários na reta final da campanha.
O PSDB, sem ter muito mais o que perder, vai partir para o tudo ou nada. Depois de ter tentado se equilibrar por muito tempo em cima do muro, sem se mostrar como oposição, agora vai investir numa artilharia pesada contra Dilma e o PT.
Vai apostar suas fichas em temas como a denúncia do vazamento de dados sigilosos da Receita, a suposta confecção de dossiês contra tucanos e os problemas em serviços públicos essenciais como saneamento básico.
Se isso vai dar algum resultado nos números? É pouco provável. Exceto que surja algo espetacular, absolutamente inesperado, que abale a estrutura geral da campanha adversária.
O que o núcleo tucano, com sua mania de campanha de escritório, não entendeu é que campanha não se vira ou revira do dia pra noite, por causa de um ataque ou outro na TV. Programa eleitoral gratuito é importante sim, mas o trabalho multiplicador nas bases precisa seguir uma constante. É o movimento ascendente ou descendente – não meramente os números exatos – que aponta o sucesso ou não de uma campanha.
Os tucanos erraram, erraram muito. Mas não têm tempo de reparar os erros de campanha. Vão apostar as fichas que têm para tentar empurrar a disputa para o segundo turno.
Com isso, a ordem é para os aliados que estão bem nas pesquisas de intenção de voto – a exemplo de Beto Richa, no Paraná, Geraldo Alckmin, em São Paulo, Aécio Neves, em Minas, pedirem votos para Serra. E este, por sua vez, intensificará o trabalho de corpo a corpo.
Já no PT, a ordem é manter a militância mobilizada, mas preservar a candidata Dilma Roussef. Atividades externas serão feitas basicamente apenas para garantir imagens para o programa eleitoral. A retirada estratégica poupa Dilma de imprevistos e de excesso de cansaço.
Mas, pelo menos por enquanto, não se deve esconder absolutamente a candidata. A participação em três debates em televisão continua na agenda da petista. Além disso, uma viagem para o Norte e outra para o Nordeste, deixando os 15 dias finais para o Sudeste, que tem o maior colégio eleitoral do País.
E se ainda é possível incomodar os tucanos, o PT não titubeará. Prova disso é que planeja o comício de encerramento da campanha em São Paulo, deixando Serra sem chão no próprio estado.
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