Pré-candidato à Presidência da República, o senador Alvaro Dias (Podemos) promete ser o candidato da mudança. Em sua sétima legenda, Alvaro afirma que sempre foi coerente e que sua candidatura pretende combater as grandes forças partidárias. Para ele, que formalizou sua pré-candidatura neste domingo (19), não existe partido político no Brasil, apenas siglas.
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“Quando indagam se mudei muito de partido, respondo que nunca mudei de partido. Mudei de siglas, procurando um partido que não encontrei. Agora me encontrei num movimento que um dia pode ser partido. Temos siglas administradas cartorialmente, denunciadas como organizações criminosas. Meu itinerário de mudança tem esse sentido de rejeitar esse tipo de prática, sempre insatisfeito, desconfortável por não compactuar com o modelo que aí está” diz o senador em entrevista exclusiva ao Congresso em Foco.
Antes de chegar ao Podemos, em 1º de julho, Alvaro passou pelo PMDB, pelo PDT, pelo PSDB e pelo PV, entre outros. Ele descarta procurar alianças com grandes legendas em 2018 ou postular o cargo de vice em outra chapa para subir a rampa do Palácio do Planalto. “O bolo ficou pequeno para tanta gente comer. Há rejeição a esse sistema que vamos combater. Não estamos advogando grandes alianças. Poucos adotarão a proposta de ruptura com o atual sistema. Isso é inegociável para nós. Essa é a razão de nossa candidatura”, explica.
Segundo ele, emerge no inconsciente coletivo do brasileiro um “movimento devastador” a favor de mudanças radicais na política. “O que está emergindo no inconsciente coletivo é um movimento devastador a favor de uma mudança radical. Ou nós mudamos para valer, ou seremos atropelados por esse sentimento irresistível de mudança”, defende Alvaro.
Leia a entrevista com o senador:
Congresso em Foco – A sua candidatura à Presidência é irreversível? Que tipo de aliança o Podemos pretende fazer para 2018?
Alvaro Dias – Minha candidatura está de pé mais do que nunca. Desde o lançamento, em 1º de julho, tornou-se irreversível. Quando aceito uma missão é para valer. Não importam os obstáculos e a descrença que há, de maneira natural. Em relação às alianças, não há preocupação neste momento. Estamos em uma fase preliminar em que os partidos analisam a hipótese de candidatura própria. Só depois é que passam para conversações sobre alianças, que só se confirmam na antevéspera do processo eleitoral.
Qual a maior preocupação do senhor hoje em relação à sua pré-candidatura?
Temos preocupação maior em fazer a leitura correta do que se passa na cabeça das pessoas. As grandes alianças são rejeitadas, porque são causa da tragédia política que afeta o Brasil. A população percebe que foi o conluio entre grandes forças partidárias que levou o país ao desastre administrativo e à corrupção. O bolo ficou pequeno para tanta gente comer. Há rejeição a esse sistema que vamos combater. Não estamos advogando grandes alianças. É possível que um ou outro partido, não necessariamente de força, tenha a mesma visão que temos. Se tiver essa mesma visão, será oportuna a aliança. Poucos adotarão a proposta de ruptura com o atual sistema. Isso é inegociável para nós. Essa é a razão de nossa candidatura.
Com quais partidos o Podemos já conversou até o momento?
Conversa com outros partidos há, mas sem nenhuma preocupação de definição. Apenas discutimos a conjuntura do país. Nessas conversas verificamos a proximidade ou distância das nossas propostas. Vamos aguardar a evolução do quadro e depois, sim, conversar mais
O senhor passou por grandes partidos, como o PMDB e o PSDB. Isso não prejudica o seu discurso de ser o candidato contra o sistema das grandes estruturas partidárias?
Pelo contrário, isso fortalece. Quando indagam se mudei muito de partido, respondo que nunca mudei de partido. Mudei de siglas, procurando um partido que não encontrei. Agora me encontrei num movimento que um dia pode ser partido. Temos siglas administradas cartorialmente, denunciadas como organizações criminosas. Meu itinerário de mudança tem esse sentido de rejeitar esse tipo de prática, sempre insatisfeito, desconfortável por não compactuar com o modelo que aí está. Tenho ferramenta política para manejar e combater aquilo que sempre condenei. Na verdade, o Brasil não tem partidos políticos, tem siglas. E essas siglas servem para registro de candidaturas, sempre foi assim e é assim até hoje. Sempre mudei de sigla, mas não mudei de lado. Meu itinerário sempre foi da coerência.
Há uma estimativa de quanto tempo o Podemos terá de rádio e TV ano que vem? E de recurso do fundo eleitoral?
Não cuidamos disso. Há um projeto na Câmara para estabelecer um único critério. Não considero correto adotar um critério para o fundo eleitoral e outro para o tempo de rádio e TV. Se não ocorrer aprovação desse projeto que institui o mesmo critério e que está na CCJ, vamos ingressar na Justiça para questionar.
Por quê?
A legislação que vigora hoje é velha, os partidos mudaram de nomes, novos foram criados, parlamentares mudaram de legenda nas janelas abertas, teremos mais uma janela em março. O quadro é diferente. O PTN, que deu origem ao Podemos, elegeu quatro deputados em 2014. Hoje tem 18 deputados e três senadores. Já é um partido com bancada. Esse critério de considerar a bancada da eleição não pode prevalecer. Vamos brigar na Justiça para mudar isso e que prevaleça a bancada do momento. Antes disso, porém, vamos propagar pela igualdade de tempo para todos os candidatos majoritários. Se essa tese não prevalecer no Supremo, a alternativa será a bancada atual. A legislação definiu critério diferente para a divisão do tempo e dos recursos públicos.
O tempo do horário eleitoral e gratuito foi reduzido drasticamente pelo Congresso para o próximo ano. Isso não prejudica ainda mais as candidaturas fora dos grandes partidos?
Veículos de comunicação, rádio e TV, além das redes sociais, poderão reduzir essa desigualdade, oferecendo espaço para debates e entrevistas. Imagino que o dano possa ser reduzido se houver abertura dos veículos de comunicação.
Isso pode ser decisivo para a eleição?
É muito importante. Mas mais importante que o horário eleitoral é a abertura para entrevistas e debates para estabelecer parâmetros entre concorrentes. O horário eleitoral é monocórdio, não permite a comparação ainda mais com essa diferença de espaço.
Qual será a marca da sua candidatura ao Planalto?
A palavra-chave será mudança, ruptura com esse sistema promíscuo, de balcão de negócios. Temos a marca da coragem para mudar. Em que pese muitos não acreditarem que isso seja possível, não subestimamos os parlamentares eleitos, não os considero antecipadamente desonestos ou incapazes de legislar sem o balcão de negócios. Acredito na ruptura. O que está emergindo no inconsciente coletivo é um movimento devastador a favor de uma mudança radical. Ou nós mudamos para valer, ou seremos atropelados por esse sentimento irresistível de mudança. Temos de defender a limpeza na atividade pública e dar força à Lava Jato, ao Ministério Público, à Polícia Federal e à Justiça e trabalhar pela eliminação dos privilégios existentes no país, como o foro privilegiado.