Sylvio Costa
A apresentadora Adriane Galisteu usou a estreia do seu novo programa de televisão, Toda Sexta, na Rede Bandeirantes, para dar sua versão sobre o fato de ela e a mãe terem feito várias viagens aéreas usando a cota de passagens do seu então namorado, o deputado Fábio Faria (PMN-RN). Os bilhetes, que incluíram uma viagem a Miami da mãe da artista, Emma, custaram aos cofres públicos cerca de R$ 11 mil (leia mais).
Pouco antes da meia-noite de ontem (sexta, 17), Adriane tocou no tema, revelado com exclusividade pelo Congresso em Foco em trabalho de reportagem de Lúcio Lambranho, Edson Sardinha e Eduardo Militão, depois de falar da sua alegria de estrear o programa, transmitido ao vivo, exatamente no dia em que completava 36 anos.
Em seguida, disse que esta foi também uma semana de muita tristeza em razão do envolvimento do seu nome em um escândalo político. Na sequência, respondeu quatro perguntas enviadas por telespectadores.
Ataque aos fatos
Já na primeira resposta, Adriane Galisteu tropeça nos fatos. Afirma que só tomou conhecimento de que as passagens haviam sido pagas com a cota da Câmara dos Deputados depois de ver o seu nome “no jornal”.
Suas palavras: “Eu fui saber quando de repente eu vi o meu nome no jornal, em letras garrafais. Fiquei com muita raiva. Fiquei sabendo, como a grande maioria das pessoas, através do jornal”.
Os fatos: como faz em qualquer situação semelhante, o Congresso em Foco nada publicou sobre o assunto antes de procurar a apresentadora. Por meio da sua assessoria de imprensa, ela foi previamente informada sobre o teor da reportagem, com todos os detalhes necessários para se manifestar a respeito. Tanto é assim que a primeira matéria publicada por este site a respeito do caso, na última terça, trazia a manifestação do assessor de Adriane, Nelson Sacho, ele próprio beneficiário de passagens da cota da Câmara.
Justiça seja feita, Nelson havia dito o que Adriane repetiu no programa: que ambos desconheciam a origem dos recursos usados para custear as passagens. “Estou longe de ser uma mulher ingênua, mas eu jamais perguntei da procedência dos presentes que ganhei. Não faria isso e nem vou passar a fazer, porque acho feio”, disse ela na TV, ao responder à segunda pergunta selecionada por sua produção.
Ataque aos políticos
Na terceira resposta, defendeu a tese de que parlamentares não deveriam ter direito a nenhum centavo em passagens aéreas, nem mesmo para se deslocar entre os seus estados e Brasília. Questionada se achava justo o povo brasileiro pagar passagens de deputados, vociferou: “Não, de jeito nenhum. Não acho justo porque também sou cidadã e pago meus impostos, e pago em dia”.
Ponderou, porém, que imaginava que isso ocorria por estar previsto em lei, e aí manifestou pela primeira vez seu desejo de uma mudança moralizadora: “Acho que devia ser mudada, não sei como funciona o mecanismo para alterar a lei. Mas, que eu não acho justo, eu não acho”.
Ao dar a quarta resposta, prometeu ressarcir aos cofres da Câmara aquilo que não for devolvido pelo deputado Fábio Faria. “Se ele não devolver, devolvo eu”, anunciou em tom grandiloqüente. Foi a única vez em que o auditório a aplaudiu ao tratar da questão.
Apresentando-se como vítima indignada, Adriane Galisteu ofereceu ao distinto público o alvo final de sua ira cívica, o ex. Agora também na posição de jornalista, conta que ela e sua equipe procuraram à exaustão o deputado potiguar para cobrar explicações: “Tentamos até agora falar com o deputado Fábio Faria, mas não conseguimos. Ele não quis participar do programa”.
Aula de cidadania
Dizendo-se determinada a esclarecer “que conversa é essa de cota, que farra é essa das passagens”, Adriane parte para a cena final brindando os telespectadores com uma apresentação didática do escândalo revelado por este Congresso em Foco. “Não sou o foco dessa notícia, mas estou nela. Quero entender isso”, anunciou.
Foi assim que chamou para dar explicações o prestigiado jornalista Fábio Panunzio, que parabenizou Adriane pela estreia, apontou-a como “vítima” e a cobriu de elogios. “Você está muito bonita”, disse, apesar do estranho arranjo nos cabelos e da assustadora luva preta que a bela apresentadora ostentava em uma das mãos.
É nesse clima que vem o grande finale. Diante da informação de Panunzio de que o assunto seria investigado e que a cota da Câmara já havia sido cortada (saiba mais), a vítima emerge como decisiva combatente da ética: “Fiquei muito triste em ver meu nome envolvido nisso. Mas, se for para limpar, valeu a pena”.
Em nenhum momento do programa, foi citado o nome deste site, que revelou todo o caso e onde você pode saber mais sobre o assunto clicando aqui.
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