Ao menos seis nomes que ganharam notoriedade ao defender tratamentos ineficazes durante a pandemia de covid-19 não conseguiram sucesso nas eleições deste domingo (2). As médicas Mayra Pinheiro e Nise Yamaguchi, citadas no relatório final da CPI da covid, não conseguida se eleger como deputadas federais.
Mayra, conhecida como “capitã cloroquina”, se filiou ao PL e tentou uma vaga na Câmara dos Deputados pelo Ceará. A médica ocupava um cargo no Ministério do Trabalho e Previdência desde fevereiro, quando deixou o Ministério da Saúde, e pediu dispensa no dia 30 de março para concorrer às eleições.
Mayra recebeu 71.214 votos e não conseguiu se eleger; ficando como suplente do partido. A CPI pediu o indiciamento da médica por epidemia com resultado morte e crimes contra a humanidade.
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Também defensora de tratamentos ineficazes, a médica Nise Yamaguchi não conseguiu se eleger como deputada federal por São Paulo. Filiada ao Pros, a médica recebeu 36.690 votos. Ela foi indiciada por epidemia com resultado morte.
Outra médica que tentou uma vaga na Câmara foi Roberta Lacerda, filiada ao PL e que disputou o pleito pelo Rio Grande do Norte. A infectologista, que já teve a conta suspensa nas redes sociais por propagar desinformação, recebeu 14.407 votos.
Roberta é figura conhecida, tendo participado de uma audiência pública do Ministério da Saúde destinada a debater a aplicação de vacinas contra a covid-19 em crianças entre 5 e 11 anos, realizada em janeiro; e de uma audiência no Senado Federal contra as vacinas e promovida pelo senador Eduardo Girão (Podemos-CE).
Próximas das outras médicas, Raíssa Soares (PL-BA) e Maria Emília Gadelha (PRTB-SP) também não tiveram sucesso nas eleições. Raíssa ficou conhecida ao gravar um vídeo pedindo que o governo federal enviasse o “kit covid” para Salvador quando era secretaria de Saúde de Porto Seguro (BA). Ela disputou o Senador e ficou em terceiro lugar, com 1.057.085 votos (14,61%).
Já Maria Gadelha concorreu a uma vaga na Câmara por São Paulo e recebeu 14.131 votos. A médica ganhou notoriedade ao fazer lives criticando a vacinação e divulgando ações contra o passaporte vacinal.
O infectologista Edimilson Migowski (PL-RJ) também não conseguiu se eleger para a Câmara pelo Rio de Janeiro, recebendo 9.927 votos. Edimilson chegou a ser nomeado como o presidente de um comitê de apoio científico para políticas públicas para enfrentar a covid-19 pelo governador Cláudio Castro (PL). O infectologista defendia o uso de vermífugo para tratar a doença.
Algumas exceções
Apesar das inúmeras críticas à sua gestão no Ministério da saúde, o ex-ministro Eduardo Pazuello (PL-RJ) conseguiu se eleger para a Câmara dos Deputados. O general da reserva foi o segundo deputado mais votado no estado, com 205.324 votos.
A CPI da covid pediu o indiciamento de Pazuello por emprego irregular de verbas públicas, prevaricação, comunicação falsa de crime e crimes contra a humanidade. Após sua saída do Ministério, o general foi lotado como assessor especial na Casa Civil, onde ficou até entrar em campanha.