A senadora Simone Tebet (MDB-MS) foi lançada pelo MDB nesta quarta-feira (8) como pré-candidata à Presidência da República. Única mulher na disputa, até o momento, Simone faz parte de uma das legendas mais tradicionais do país, que ocupou o Planalto em três substituições de presidentes: com José Sarney (1985-1990) ,no lugar de Tancredo Neves; Itamar Franco (1992-1995), que assumiu com o impeachment de Fernando Collor; e Michel Temer (2016-2019), que substituiu Dilma Rousseff após a cassação de seu mandato.
Embora se declare independente – e a própria senadora seja opositora do governo de Jair Bolsonaro em diversos momentos – o MDB vota na grande maioria das vezes com o governo nesta legisltura. Dados do Radar do Congresso , ferramenta do Congresso em Foco que analisa o desempenho de parlamentares e das bancadas, indicam que os emedebistas votam, na média, em 88% das vezes de acordo com as orientações do governo nas duas casas. Esse alinhamento supera a média da Câmara (que hoje vota com Bolsonaro em 75% das deliberações) e a do Senado (média de 83%).
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A pesquisa levou em conta 1.143 votações da Câmara dos Deputados e 270 do Senado, realizadas desde o início da atual legislatura, em 2019. A ferramenta está disponível para que você também possa fazer a pesquisa sobre a atuação de cada parlamentar.
Todos os 34 deputados do MDB são classificados pelo sistema da plataforma como da “base do governo” por terem seguido, em mais de 75% das votações, a mesma orientação encaminhada pelo líder governista. Dois deputados dividem o topo do índice de governismo: Rogério Peninha Mendonça (SC) e Osmar Terra(PR), que inclusive chegou a ser ministro da Cidadania por 13 meses durante o governo Bolsonaro. O gaúcho foi apontado pela CPI da Covid como uma das principais fontes de desinformação sobre a pandemia. Peninha e Terra dividem uma taxa de alinhamento de 97%.
No Senado, onde costuma prevalecer o acordo, há maior coincidência entre o posicionamento do MDB e o do governo. Ao todo, 14 senadores estão classificados como “base do governo”, enquanto apenas dois nomes estão pouco abaixo desse limiar. O vice-presidente do Senado, Veneziano Vital Do Rêgo(PB), votou com o governo em 74% das vezes, e sua mãe, Nilda Gondim (PB), em 67%.
O MDB se divide no Senado. O líder do governo, Fernando Bezerra Coelho (PE), faz parte da bancada e, sem nenhuma surpresa, votou com o governo em 100% das vezes. Renan Calheiros (AL), um dos maiores adversários da família Bolsonaro no Senado e relator da CPI da Covid, é o líder da maioria na Casa. Ele votou com o governo em 83% das vezes. Eduardo Gomes(TO), líder do governo no Congresso Nacional, tem 97% de alinhamento.
PublicidadeJá Simone Tebet se alinhou com o governo em 86% dos casos – mas também acabou se destacando mais recentemente como figura de oposição ao governo durante a CPI da Covid. Alguns de seus embates com membros do governo, incluindo um ataque machista que sofreu do ministro da Controladoria-Geral da União, Wagner Rosário, acabaram dando destaque a uma postura contra as políticas bolsonaristas.
No Senado, entre os partidos com mais de um representante, o MDB é o quarto mais afinado com o governo Jair Bolsonaro, atrás apenas do Democratas (93% de alinhamento), do PP (92%) e do PSD (89%). As bancadas do Patriota (96%), PSC (95%), PSL (92%) e Republicanos (89%) são mais governistas, mas possuem apenas um senador cada.
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* A matéria foi atualizada às 13h50 do dia 10 de dezembro para incluir a posição do MDB a respeito dos dados retirados da plataforma Radar do Congresso. O partido ressalta que, apesar do alinhamento, o partido mantém uma postura de independência ao atual governo. “Em nome do partido, gostaríamos de registrar que o Diretório Nacional do MDB adotou posição de ‘independência’ em convenção nacional em 2019”, aponta a nota enviada pela Assessoria de Imprensa do partido. “Nenhuma das bancadas assumiu posturas ideológicas do governo. Os líderes das bancadas jamais foram à tribuna defender o governo. Ao contrário de outros partidos, o MDB não indicou ministros para o governo.”