O presidente Jair Bolsonaro bloqueou o Congresso em Foco no Twitter. Um gesto que diz muito sobre a percepção de democracia e as práticas, em relação à imprensa, que ele, chefe do Executivo brasileiro, detém.
“Bolsonaro nunca respeitou as regras democráticas, mesmo antes de ser presidente. Não sabemos exatamente o que motivou o bloqueio, mas acreditamos que deve estar relacionado ao incômodo que ele sente com liberdade de imprensa e de expressão, valores que consideramos fundamentais em uma democracia”, avaliou a diretora do Congresso em Foco, Amanda Audi.
Enquanto veículo de comunicação com quase 20 anos de credibilidade nacional, o Congresso em Foco é o principal site de cobertura do Legislativo e o segundo veículo mais lido entre os parlamentares.
Nossa equipe de jornalistas atua na produção e divulgação de informações relevantes para a tomada de decisões, incluindo os bastidores mais agitados da política brasileira. Para isso, o diálogo deve ser fluido com políticos e representantes de todas as matizes ideológicas, fundamentado pelos valores do jornalismo e da democracia.
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Recentemente, o Congresso em Foco lançou um editorial defendendo o impeachment de Bolsonaro, principalmente pela conduta do governo federal frente à pandemia da covid-19. “O desprezo pela vida ganhou diferentes manifestações nas atitudes e palavras da autoridade constitucional, legal e politicamente qualificada para liderar as ações de enfrentamento da pandemia”, diz o texto.
Apesar da posição clara emitida no editorial, noticiar os fatos relacionados ao presidente e seus apoiadores, de maneira equilibrada e ouvindo todos os pontos de vista, é uma característica moral e ética fomentada pela equipe.
É simbólico que Bolsonaro tenha decidido bloquear o veículo de seu perfil no Twitter, rede social que utiliza para fazer anúncios e encaminhar informações de interesse público. A ação não é um impeditivo para continuar acompanhando os passos do poder. Mas dificulta.
Cabe destacar que o Congresso em Foco foi um dos idealizadores, junto com a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo e FCB Studio, do projeto Bolos Antiblock, que denuncia o caráter antidemocrático dos bloqueios de autoridades no Twitter.
Recebemos da ferramenta um simbólico bolo de baunilha por sermos bloqueados por um deputado federal, um ministro e pelo presidente.
Bolsonaro traz em si uma onda de violência e censura à imprensa. O Relatório da Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil – 2020, elaborado pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) mostra que o ano passado foi o ano mais violento para os jornalistas, desde o começo da década de 1990, quando a entidade sindical iniciou a série histórica. Foram 428 casos de ataques – incluindo dois assassinatos – o que representa um aumento de 105,77% em relação a 2019, ano em que também houve crescimento das violações à liberdade de imprensa no país.
O Congresso em Foco reitera que continuará a fazer o jornalismo da forma mais correta e independente possível, como fez em todos os últimos governos, e como os leitores e apoiadores esperam, buscando sempre ampliar a cobertura e tornando-a mais informativa, acessível e inclusiva.