Ricardo Luís de Almeida Teixeira*
Há um grande abismo entre o que se fala e o que se faz. Os partidos políticos brasileiros falam em democracia, mas será que são verdadeiramente exemplo de ambiente democrático? Vejamos.
O PDT, do Ciro Gomes, tem por presidente nacional Carlos Lupi desde 2004.
O PTB não é muito diferente. De 2003 para cá, Roberto Jefferson foi “eleito” presidente do partido por três vezes e conseguiu eleger sua filha Cristiane Brasil por uma vez. Atualmente está no comando do diretório nacional, completando quase 17 anos de domínio partidário.
O PP está no comando do piauiense Ciro Nogueira desde 2013.
O DEM, antigo PFL, é capitania hereditária da família Magalhães da Bahia. Foi dominado por anos pelo ACM e hoje tem por presidente ACM Neto.
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O Podemos é uma capitania hereditária da família de Renata Abreu desde 1995 quando era conhecido por PTN.
Alguns partidos têm um bom rodízio de presidentes, entretanto, criaram a figura do Presidente de Honra para perpetuar um único comando como ocorreu no PT, PSDB e MDB.
Outros partidos que costumam ter um bom rodízio são vinculados eternamente a igrejas e a sindicatos, o que sugere um rodízio do diretório nacional meramente fictício.
Se no âmbito nacional os partidos são capitanias hereditárias, imagine a situação nos estados. A situação é ainda pior.
No fundo, partido político no Brasil tem um dono e o dono vive a parasitar o partido. Muitas vezes o partido chega a bancar as despesas pessoais do grande cacique. Por isso, no nosso país o que não falta é pedido de criação de partido no TSE. Praticamente, todo político quer um partido para chamar de seu.
Em uma estrutura partidária assim, será que algum partido deseja realmente a consolidação do pensamento democrático? Claro que não!
Democracia gera a pluralidade de líderes, a pluralidade de administradores, a mudança periódica de dirigentes. Se no partido essa mudança periódica de dirigentes não ocorre, como acreditar que o “dono” de uma capitania hereditária deseja a democracia no país? Não há como imaginar!
Os partidos falam muito bem em defender a democracia. Mas, o que são palavras diante de um comportamento contraditório?
* Ricardo Luís de Almeida Teixeira é defensor público e escritor