Não é de hoje que estou alertando para os funcionários públicos/influencer digitais. Uma praga que Deltan Dallagnol e a lava jato popularizaram no país e que é claro, degradou o nosso tecido institucional, institucional e político.
Não é por menos que boa parte dessas figuras estão ligadas à nova política, um movimento que nos últimos anos sequestrou instituições e privatizou o estado brasileiro.
Atue de forma displicente com as suas funções de funcionário público, exerça outras funções em seu horário de trabalho e na hora certa (quase sempre expulso ou em vias de ser expulso do cargo), candidate-se para algum cargo!
Segundo a nossa Constituição, as instituições são organizações de Estado, não vinculadas a governos justamente para que não seja permitida vinculação ou uso político de cargos por seus ocupantes, ou por terceiros.
Hoje, apenas em casos de aposentadoria compulsória, são exigidos oito anos de quarentena para juízes e promotores.
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Um exemplo gritante desse tipo de atuação delinquente é a do ex-policial Gabriel Monteiro, não é por menos que em uma denúncia de desobediência hierárquica feita por um coronel da PM, a corporação concluiu que Monteiro não cumpria com suas funções como policial em detrimento de sua atuação como militante no MBL.
Usava uniforme, armas e todo tipo de aparato da instituição para caçar likes nas redes sociais.
Essa semana descobrimos inclusive que a sua atuação como funcionário público e youtuber, foi usada, segundo assessores, para montar um verdadeiro antro de pedofilia e um império digno de um verdadeiro maníaco sexual envolvendo acusações de estupro, assédio entre outras perversidades.
Gabriel seguiu a cartilha de maneira religiosa, aprontou todas na PMERJ, expulso, candidatou-se para vereador e foi eleito.
Lembro também da vaza jato que revelou a ambição de Deltan de concorrer ao senado e de lançar um candidato por estado.
E hoje, temos todos os principais nomes da operação de Curitiba em plena campanha eleitoral em busca de cargos no legislativo federal.
Outro exemplo dessa “militância” indevida apareceu nas eleições municipais da cidade de Recife com a candidata à prefeitura da cidade, delegada Patrícia que estava licenciada do cargo há cerca de um ano e meio e ainda usava a titulação de “delegada” para fazer campanha, sempre remetendo ao seu trabalho na polícia, uma instituição mantida com dinheiro público.
Ou então o caso da quase-deputada Selma Arruda, conhecida como “Moro de saias” e que teve o mandato cassado por 5 votos a 1 no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Selma foi acusada de cometer abuso de poder econômico e arrecadação ilícita de recursos.
Se irmos mais além temos Wilson Witzel, Daniel Silveira e mais uma penca de “majores”, “delegados” “soldados”, “capitães”, “tenentes” e outras patentes emporcalhando as urnas.
Vocês ainda acham que não precisamos barrar a politização do processo penal e do sistema acusatório através de violações?
Precisamos parar de misturar carreiras do Estado com escolhas e preferências político-partidárias. Muitos dos que decidem pela política após “combater” a corrupção têm poder de tomar decisões de alcance público que facilitam o ingresso na política.
E não, não estou aqui atentando contra o Estado Democrático de Direito e contra a presunção de inocência. Não é improbidade presumida, é evitar o uso de cargo e dinheiro público como plataforma para interesses políticos pessoais, algo que infelizmente se tornou corriqueiro no país.
O que isso trouxe de positivo para a sociedade se não a normalização da delinquência legislativa, pautas absurdas, vereadores e deputados que não trabalham em prol da sociedade e vivem a produzir vídeos enquanto recebem quantias absurdas do Youtube usando as prerrogativas de seus respectivos cargos.
Basta voltarmos ao caso do ex-policial Gabriel Monteiro que chegou a agredir um jovem durante o enterro da menina Agatha Félix, de 8 anos, assassinada por policiais.
Não que seu histórico antes da revelação dos escândalos fosse louvável, mas é que as denúncias e acusações de violência sexual extrapolam qualquer coisa que se espere de um vereador eleito e que infelizmente, acabam por manchar a política, por mais que Gabriel seja um inimigo declarado dela.
Sem falar que as instituições acabam em descrédito e a longo prazo corremos o risco de normalizar o que seriam os cargos-trampolim, posições no poder público onde normalizou-se o ingresso de pessoas interessadas a criarem uma plataforma política para eventuais campanhas.
A lava jato e os diversos nomes acima mostraram o altíssimo poder de destruição e corrosão do Estado Democrático de Direito que esse tipo de coisa pode promover. Afinal de contas, esse pessoal após eleitos, seguem com as suas atividades no YouTube em detrimento da atividade parlamentar. Só usam os mandatos para gerar audiência e ganhar dinheiro. Ou seja: seguem privatizando o Estado, principalmente a política.
Além disso, a instituição de uma quarentena eleitoral de no mínimo 8 anos para membros de forças de segurança pública, militares, membros do judiciário e do Ministério Público encerraria por parte a problemática “hiper atuação” das nossas instituições, que sofrem hoje com o mal do excesso de poderes. Precisamos “desprivatizar” o Estado brasileiro.
A sociedade brasileira já sofreu, e muito, com os agitadores de multidão e palhaços de auditório dos últimos 8 anos. Está na hora da política voltar para a sua normalidade corriqueira. O Brasil precisa coibir o uso de cargos públicos como palanque, se deseja ser uma democracia sólida e respeitada.
E o caminho para a resolução destes problemas está no senado federal com a PLP 112/2021 que aguarda apreciação no senado e determina o desligamento dos cargos, quatro anos (o ideal seria 8, mas tudo bem, né?) antes do pleito, para juízes, membros do Ministério Público, policiais federais, rodoviários federais, policiais civis, guardas municipais, militares e policiais militares.
Um importante projeto que com potencial de ajudar a tirar o país deste atoleiro moral. Esta longe do ideal? Está!
Além da quarentena é fundamental que se proíba políticos eleitos de ganharem dinheiro com as redes sociais, sejam eles membros do executivo ou legislativo.
Isso é incompatível com a democracia e com qualquer noção mínima de civilidade.
O caso envolvendo Gabriel Monteiro mostrou que o Brasil tem duas escolhas: a ordem ou a barbárie.
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