Amanda Vettorazzo*
Estamos em abril, a janela partidária já se fechou e a dança das cadeiras bagunçou totalmente o tabuleiro da corrida eleitoral. No plano nacional, a esperança por uma terceira via minguou com a mudança de Sergio Moro do Podemos para o União Brasil. Embora o ex-juiz insista em dizer que não desistiu da corrida ao Planalto, o partido de Bivar e ACM Neto deixou claro que o projeto de Moro é no Estado de São Paulo.
Conversa vai, conversa vem, todas as peças se movimentaram e até agora não temos um “campeão” da terceira via. Desde o início do ano ficou evidente a aliança entre bolsonaristas e petistas pela destruição de qualquer alternativa que pudesse ameaçar a polarização. Estratégia eficiente: Lula e Bolsonaro se completam na arena eleitoral.
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A máquina do cancelamento opera de uma forma muito peculiar, reveladora da cooperação bolsopetista. Há três esferas do cancelamento: digital, midiática e institucional. Elas agem numa espécie de circularidade, com uma ajudando a outra e continuar moendo a imagem dos cancelados — geralmente agentes da terceira via.
Geralmente o cancelamento se inicia com influenciadores (digital) ou com a imprensa (midiática), que replica uma fala ou opinião do cancelado. Se por acaso começa-se a circular entre influenciadores, como foi o caso do Monark, em seguida a imprensa entra em jogo perdurando a história e cobrindo a “repercussão” entre políticos.
A novidade é que agora alguém, seja petista ou bolsonarista, irá ingressar com uma ação em algum órgão público — no caso de Kim e Monark, no Ministério Público. Com ou sem a manifestação desse órgão, a imprensa irá divulgar a denúncia, mantendo a história viva. Na polêmica do Flow, o MPF se manifestou, o que conclui as etapas do cancelamento, com repercussão no país todo pela TV — a poderosa Globo falou sobre o assunto em todos os jornais, inclusive o Nacional.
Assim a roda gira, a imagem das lideranças de terceira via é destruída e essa ideia perde força perante a opinião pública. Não estou dizendo que esses cancelamentos mataram a terceira via diretamente, mas que houve um desgaste; seja lá quem ouse “botar a cara” como o “campeão” da via alternativa, está ciente que precisará enfrentar essa máquina.
Enquanto não podemos lutar junto de um líder que enfrente o bolsopetismo e conquiste a cadeira do Planalto, precisamos pensar em como resistir a essa máquina de moer reputações e manter vivo aquele ideal que enchia todos os brasileiros de esperança nas manifestações de 2016.
Não temos um exército e nem aparelhamento de instituições para lutar com as mesmas armas contra Lula e Bolsonaro, mas ainda temos nossos princípios. Se não podemos ter um exército, façamos como Viriato e os Lusitanos: seremos guerrilheiros, resistindo a qualquer um do bolsopetismo que vença as eleições. Para isso precisamos ganhar corpo e musculatura nas Casas Legislativas, elegendo deputados federais e estaduais. Já incomodamos muito com os mandatos que temos, imagina se triplicarmos de tamanho?
Mesmo assim, temos tempo e força para que surja a “Única Via” contra o bolsopetismo. De qualquer forma, o centro-democrático irá resistir aos avanços autoritários, às tentativas de regular a imprensa, de perseguir opositores e à era do cancelamento. Nossa missão não acabou, todos nós somos campeões e lutaremos até o fim para preservar nossa liberdade e nossos princípios.
*Amanda Vettorazzo é gestora pública, pós-graduada em Smart Cities, defensora da causa animal, e membro do Movimento Brasil Livre.
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