O Brasil viveu um dia de tempestade perfeita. Queda de mais de 12% na bolsa, dólar a quase 5 reais, coronavírus, mercado do petróleo agitado pela guerra de preços entre a Arábia Saudita e a Rússia, presidente causando mais instabilidade política e institucional.
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Podem parecer apenas questões econômicas, mas há vida de pessoas envolvidas nisso. Os alarmantes índices de desemprego estão camuflados pelos empregos informais e intermitentes, são 3 milhões de pessoas habilitadas na fila de espera do Bolsa Família e as Regiões Norte e Nordeste, aonde estão os mais baixos IDHs do país, receberam apenas 3% dos novos benefícios de 2019, e o PIB cresceu apenas 1,1%.
E nós? O que vamos fazer diante desse cenário?
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Cair na armadilha e ficar batendo boca com o presidente sobre urna eletrônica, sobre 15 bilhões do orçamento e sobre as manifestações do dia 15?
Ou vamos deixá-lo falando só é vamos cuidar do que pode não interessar a ele, mas do que mais interessa ao país?
Eu não quero vir aqui bater boca com presidente sobre urna eletrônica. Não quero questionar a legitimidade do povo de ir às ruas, ainda que a pauta seja obscura e antidemocrática. Eu não quero seguir discutindo quem definirá a destinação de 15 bilhões do orçamento.
Vamos deixar o presidente falando só sobre a fantasiosa fraude na urna eletrônica. Vamos deixar que o povo se manifeste e que a mobilização seja educativa para que no futuro ela se dê em torno de pautas que interessam ao país. Vamos votar os PLNs, ganhar ou perder, mas virar essa página que tem paralisado a pauta do Congresso e atrapalhado o país.
É hora de abrir caminho para discutirmos saídas para a grave crise econômica, para aprovarmos o que é possível das reformas – a PEC do Teto de Gastos; o Projeto de Lei da autonomia do Banco Central, a MP da Carteira Verde e Amarela.
É hora de abrir caminho para aprovarmos o Pacote de Combate à Desigualdade, apresentado pelos deputados Tabata Amaral, Felipe Rigoni, João Henrique Campos, Enrico Misasi – essa gente jovem que coloca os brasileiros acima das disputas políticas e renova nossas esperanças. Para aprovarmos a MP 898, tão bem conduzida na comissão pelo deputado Camilo Capiberibe e pelo senador Randolfe Rodrigues, tornando permanente o 13o do Bolsa Família e criando o 13o do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e criando o come cotas dos fundos exclusivos para financiar essas novas despesas.
O Bolsa Família é a política de transferência de renda mais efetiva para estimular o consumo de uma parcela da população que não tem poupança e segue perdendo poder de compra, mesmo com o tímido crescimento de 2019, além de não ter os mecanismos de proteção dos trabalhadores formais (FGTS, seguro desemprego, aviso prévio).
É hora de abrir caminho para salvar pequenas e médias empresas de setores mais atingidos pela crise do coronavírus, desonerando a folha desses setores, como fez a China com transporte e turismo, ou Trump, que propôs desonerar a folha de pagamento por um ano.
É hora de abrir caminho para aprovarmos a renovação do Fundeb e enfrentar com educação os baixíssimos índices de produtividade.
É hora de abrir caminho pra aprovarmos a PEC da Segunda Instância e entregar ao país um Judiciário mais célere, efetivo e que resgate a confiança das pessoas nas instituições e dê segurança jurídica para investidores.
Tem gente lá fora. Uma gente sofrida e amedrontada pela crise econômica e pelo coronavírus. País e mães vivendo a dor de não poderem sustentar suas famílias, empresários apavorados com os efeitos dessa crise nos seus negócios, investidores temerosos pela instabilidade política e institucional do nosso país.
Repito a pergunta! E nós da política? Vamos seguir alimentando nossas brigas internas? Ou vamos trabalhar para unir o país?
É hora de unir o país em torno do que interessa e o que interessa são as medidas necessárias para retomar o crescimento e combater a miséria e a desigualdade.