A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nota em que recomenda vigilância sobre as condições de trabalho empregadas na produção do vinho utilizado nas celebrações religiosas. O texto é uma reação à recente descoberta de utilização de trabalho análogo à condição de escravo em empresa que prestava serviço a vinícolas de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul.
Segundo a CNBB, a Igreja tem a responsabilidade de zelar pelo tipo de vinho canônico e não pode compactuar com “qualquer tipo de trabalho em condições que ferem o respeito pela dignidade humana”. “Todas as denúncias devem ser investigadas nos termos da lei”, acrescenta o comunicado, assinado pelo secretário-geral da CNBB, Dom Joel Portella Amado, bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro.
A Conferência recomenda que “se busquem, para a celebração da missa, vinhos de proveniência sobre as quais não existam dúvidas a respeito dos critérios éticos na sua produção”. O texto começa com uma referência bíblica: “Quem ama a Deus ama também ao seu irmão”.
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“A Igreja tem a responsabilidade de zelar pelo tipo de vinho utilizado nas celebrações das missas”, destaca a CNBB.
Na quarta-feira da semana passada (22), três trabalhadores procuraram a polícia após fugirem de um alojamento em que eram mantidos contra sua vontade na região de Caxias. Uma operação realizada no mesmo dia resgatou mais de 200 pessoas que eram submetidas a trabalho análogo à escravidão durante a colheita da uva.
Os trabalhadores foram recrutados pela Fênix Serviços Administrativos e Apoio à Gestão de Saúde Ltda, que oferecia a mão de obra para as vinícolas Aurora, Cooperativa Garibaldi, Salton e produtores rurais da região. Eles denunciaram que sofriam extorsão, ameaças, agressões e tortura com choques elétricas e spray de pimenta.
PublicidadeVeja a íntegra da nota da CNBB:
“VINHO CANÔNICO
Quem ama a Deus
ame também o seu irmão (1 Jo 4,21)
Brasília, 28 de fevereiro de 2023
A Igreja tem a responsabilidade de zelar pelo tipo de vinho utilizado nas celebrações das missas. A CNBB, por meio da Comissão Episcopal para a Liturgia, promoveu encontros com cerca de 15 vinícolas a respeito das caraterísticas de tal vinho.
Qualquer tipo de trabalho em condições que ferem o respeito pela dignidade humana não pode ser aprovado. Todas as denúncias devem ser investigadas nos termos da lei.
No Brasil existem diversas vinícolas que oferecem vinho canônico. Desse modo, é recomendável que se busquem, para a celebração da missa, vinhos de proveniência sobre as quais não existam dúvidas a respeito dos critérios éticos na sua produção.
Dom Joel Portella Amado
Bispo auxiliar da arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)
Secretário-Geral da CNBB”