Sem conseguir decolar nas pesquisas de intenção de voto até o momento, o candidato a presidente Geraldo Alckmin (PSDB) começa a ver seus aliados articularem apoio à candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) em um provável segundo turno. A manifestação mais explícita veio de Minas Gerais, onde o vice do tucano Antonio Anastasia (PSDB), o deputado Marcos Montes (PSD), admitiu nessa terça-feira (25) que dificilmente Alckmin estará na fase decisiva da eleição e já adiantou que apoiará Bolsonaro.
Durante reunião com correligionários em Patrocínio (MG), Montes defendeu que Anastasia também se junte ao candidato do PSL. O deputado diz que considera Alckmin o mais preparado entre os presidenciáveis, mas entende que “lamentavelmente a sociedade brasileira começa a enxergar que não é o seu momento”. “Começa a ver que seus números não avançam e, com isso, acende-se o sinal amarelo indo para o vermelho”, observou.
Veja o vídeo:
Para Marcos Montes, o mais importante é não permitir a volta do PT ao governo. “A partir do momento em que eu e o professor Anastasia acharmos que o candidato Alckmin não vai realmente para o segundo turno, nós precisamos dar as mãos ao candidato Bolsonaro”, declarou. “Não cabe a nós olhar para o nosso próprio umbigo. Temos de olhar para o Brasil, não podemos deixar o Brasil voltar para o passado”, defendeu.
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Anastasia
Em nota à imprensa, Anastasia disse que Montes trabalhou com cenário hipotético com o qual ele não trabalha. “O meu candidato a presidente da República, como o de meu vice Marcos Montes, é Geraldo Alckmin. Na palestra Marcos fala sobre uma possibilidade hipotética com a qual não trabalhamos. Vamos continuar batalhando firmes pela vitória de Alckmin em Minas e no Brasil”, afirmou. Após a divulgação do vídeo, Montes declarou por sua assessoria que quem fala oficialmente pela chapa é Anastasia.
Marcos Montes não está sozinho. Ainda em Minas, o deputado Lincoln Portela (PR), que apoia Anastasia, sempre esteve com Bolsonaro. Próximo ao candidato do PSL, Lincoln estima que 200 deputados apoiam o capitão reformado do Exército, mesmo que alguns não exponham isso publicamente. Para ele, não é bom para Bolsonaro manter alianças com partidos, porque isso contraria seu discurso.
“Ele tem mais de 200 candidatos na faixa de 20, 30 mil votos que estão surfando na ‘onda Bolsonaro’. Ele não precisa do tempo de TV, não precisa pegar apoio. Quanto mais o Alckmin continuar batendo, melhor vai ser para o Bolsonaro”, disse.
Com 8% na última pesquisa Ibope, Alckmin tem apostado na estratégia de atacar Bolsonaro, destacando principalmente suas polêmicas envolvendo mulheres.