Cotada para vice na chapa encabeçada por Henrique Meirelles, a senadora Marta Suplicy (MDB-SP) anunciou sua desfiliação do MDB, partido em que estava desde setembro de 2015. Informou também que não vai disputar a reeleição e que pretende deixar a política partidária ao término de seu mandato, em fevereiro de 2019. A senadora se manifestou pelo Twitter e por uma carta endereçada aos eleitores paulistas.
“Quero agradecer aos 8,3 milhões de paulistas que me deram a oportunidade de, nos últimos oito anos, trabalhar como senadora defendendo as bandeiras que me levaram à vida pública: o combate às desigualdades e às injustiças sociais, a militância pelos direitos de cidadania das mulheres e da população LGBTI e pela igualdade de oportunidades para todos”, diz a senadora na carta.
Em nota, o MDB confirmou o pedido de desfiliação da senadora. O presidente do partido, senador Romero Jucá, afirma “ter carinho e respeito por toda sua trajetória ao longo dos anos na vida pública e política do país”.
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Marta Teresa Smith de Vasconcellos Suplicy foi filiada ao Partido dos Trabalhadores (PT) por 34 anos. Pelo partido, foi deputada federal, prefeita de São Paulo, ministra do Turismo no governo Lula e da Cultura no primeiro mandato da ex-presidente Dilma Rousseff.
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Deixou o cargo e o PT fazendo fortes críticas ao antigo partido e a Dilma. Em 2016 votou a favor do impeachment da ex-chefe. Marta foi convidada por Meirelles, que queria compor a chapa com uma mulher, para ser sua vice. O MDB agora terá de buscar um novo nome.
>> Leia a íntegra da carta de Marta Suplicy:
CARTA AOS PAULISTAS
Muitas vezes, vi-me em tempos de travessia. Em alguns deles, acreditei ter luzes no outro lado do rio. Agora, com toda a energia necessária para continuar remando, tomei a decisão sobre o futuro da minha vida política, encarando a realidade de frente, para poder seguir com coerência, ousadia e coragem.
Anuncio que não concorrerei à reeleição a senadora da República pelo Estado de São Paulo e comunico a minha desfiliação do Movimento Democrático Brasileiro (MDB).
Não é novidade que os partidos políticos brasileiros, de forma geral, encontram-se fragilizados, acuados e sem norte político. Não mais conseguem dar respostas à crise de credibilidade que se abateu sobre eles e nem tampouco estão empenhados na mudança de posturas que os levaram à mais grave crise de suas histórias. Orientam suas movimentações políticas pela lógica exclusiva de fazerem crescer suas bancadas parlamentares com o objetivo perverso e mesquinho de fortalecerem-se na divisão e loteamento de cargos e espaços de poder.
A relação de grande parte dos partidos e de parlamentares com o Executivo na base de nomeações e vantagens levou ao insuportável “toma lá dá cá”, afrontando todos os padrões de dignidade e honradez da sociedade. Esse sistema faliu e precisa ser, urgentemente, reformado.
O Congresso Nacional, hoje, na sua maioria, não tem se colocado a favor das causas progressistas, fundamentais para o avanço da sociedade. Ao contrário, tornou-se refém de uma agenda atrasada dos costumes da sociedade, negando-se a reconhecer e a regulamentar as relações entre as pessoas de forma a contemplar as diversidades das sociedades modernas e a respeitar os direitos individuais do ser humano.
Quero agradecer aos 8,3 milhões de paulistas que me deram a oportunidade de, nos últimos 8 anos, trabalhar como senadora defendendo as bandeiras que me levaram à vida pública: o combate às desigualdades e às injustiças sociais, a militância pelos direitos de cidadania das mulheres e da população LGBTI e pela igualdade de oportunidades para todos.
Neste momento, creio que poderei contribuir mais para mudanças atuando na sociedade civil do que continuando no parlamento. Permanecerei participando politicamente da vida pública brasileira. A partir de 2019, não mais como parlamentar, mas em todas as trincheiras que me levem ao lado da defesa dos interesses dos mais pobres, dos injustiçados e na luta pelo empoderamento das meninas e das mulheres.
Estou convencida de que o Brasil precisa de um projeto nacional de desenvolvimento estruturado que abranja setores fundamentais para o crescimento do país. Temos de aumentar, significativamente, a produção e a riqueza. Isso possibilitará todo brasileiro e toda brasileira terem educação de qualidade, saúde, segurança e um emprego para trabalhar e viver com dignidade.
São Paulo, 03 de agosto de 2018.
Senadora Marta Suplicy