As eleições municipais de 2020 elegeram o maior número de pessoas LGBTI+ para cargos políticos. Segundo dados da Aliança LGBTI+, o recorde se espalhou pelo Brasil e chegou também a pequenas cidades do interior. Como no município de Mariluz, no interior do Paraná. A cidade de apenas 10 mil habitantes elegeu Paulo Alves (PSL) para o cargo de prefeito.
Em entrevista ao Congresso em Foco, Paulo conta que assumiu publicamente a sua homossexualidade apenas há quatro anos. Católico e com atividade intensa dentro da igreja, foi prefeito por dois mandatos pelo PSDB, ainda antes de assumir sua sexualidade. Ele conta que foi filiado ao partido de centro-direita por oito anos.
Esta, portanto, foi a primeira eleição que se candidatou após assumir sua orientação sexual. Hoje, filiado ao PSL e apoiador do presidente Jair Bolsonaro. Ele relata que ao assumir publicamente a sua sexualidade, no primeiro momento, foi um “choque” para as pessoas, mas que naturalmente a cidade foi absorvendo.
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“Pelo histórico de vida que eu tenho, que é de ajudar as pessoas, pensar no bem-estar das pessoas e respeitar o meu próximo, as pessoas absorveram isto com uma forma naturalizada. Ouvi as pessoas falarem, independente de opção sexual nós temos o direito de sermos felizes”, conta.
Paulo evita cair em polarizações e oposições entre sua sexualidade e o ideário conservador bolsonarista. “Sou Bolsonaro, não levanto bandeiras, defendo a felicidade das pessoas, respeitando as divergências diante de pensamentos”, diz.
Paulo é um dos quase 80 candidatos assumidamente LGBTI+ que conseguiram se eleger neste ano, espalhados por diferentes partidos e em todos os espectros políticos. Desde a esquerda, Psol com 25% dos candidatos LGBTI eleitos, ao conservador Patriota com 4,5% dos candidatos. O paranaense é o único eleito pelo PSL, sigla pela qual o presidente Jair Bolsonaro se elegeu em 2018.
“A questão de eu ser gay é uma naturalidade. Não me vejo diferente de ninguém pelo fato de eu ser gay. Eu nem toco neste assunto. Pra mim é algo natural. Eu sou casado, tenho o meu companheiro, a cidade inteira sabe disso. Moro numa cidade pequena com 10 mil habitantes. Convivemos naturalmente dentro da sociedade. Todo mundo me respeita e respeita o meu companheiro. Quem votou em mim, votou sabendo que eu sou gay”, explica.
Ele aponta que não traz a pauta da luta dos direitos LGBTI+ para a política de maneira direta, mas defende o bem-estar e a felicidade de todos sem distinções. “Nós nascemos para sermos felizes. Independente de opção sexual, independente de crença, de cor de pele, independente de qualquer coisa, nós nascemos para sermos felizes. E nós devemos lutar em busca dessa felicidade”, argumenta.
Para ele, a maneira natural com que a cidade absorveu a sua sexualidade vem também da mesma naturalidade como ele se colocou para a sociedade. “Às vezes, o fato das pessoas defenderem os direitos LGBT, leva as pessoas a serem um pouco radicais demais. Isso cria conflitos. Deixar as coisas acontecerem de uma forma natural é mais fácil das pessoas absorverem”, explica. Ele conta também que “quando eu me assumi, eu não precisei postar numa rede social ‘eu sou gay’. O meu comportamento, meu modo de ser e de agir foi demonstrando isso às pessoas”.
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