O ex-presidente do Senado Renan Calheiros (MDB-AL) fez um apelo aos colegas de partido para que votem contra a indicação da candidatura de Henrique Meirelles à Presidência da República na convenção do MDB, nesta quinta-feira (2), em Brasília. Em entrevista em vídeo ao Congresso em Foco, Renan defende que a legenda não tenha candidato próprio ao Planalto para não atrapalhar as alianças regionais. Na avaliação dele, a candidatura de Meirelles é um “mico” e sobrecarrega os palanques estaduais com a “rejeição universal” do governo Michel Temer.
“É muito importante que o MDB não oficialize essa candidatura do Meirelles. Ele tem menos de 1% das intenções de voto. Será um mico, ele vai sobrecarregar os palanques em cada estado e levar para nossos companheiros uma rejeição universal do governo Michel Temer”, declarou.
Veja a entrevista:
Renan repete o discurso apresentado em vídeo publicado em sua página no Facebook. “A candidatura de Meirelles é uma espécie de boi de piranha, é um subterfúgio, um mico que não podemos pagar”, disse. Ele citou indicadores negativos da economia, como o desemprego elevado, que atinge 13 milhões de brasileiros, o déficit nas contas públicas, o corte de investimentos e a flexibilização de direitos trabalhistas, para ironizar o slogan de Meirelles.
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“’Chama o Meirelles? Chama por quê? Com menos de 1% de intenção de votos, essa candidatura é um mico. Sequer é de um quadro do MDB, que sempre teve papel fundamental ao longo da história do Brasil. Se homologar essa candidatura, não vai poder repeti-lo”, afirmou o senador, que tem feito campanha sistemática contra a indicação do ex-ministro da Fazenda de olho em sua reeleição e na de seu filho, o governador Renan Filho (MDB).
Segundo o ex-presidente do Senado, Meirelles não tem biografia para disputar a Presidência pelo MDB. “Meirelles tem biografia pra ser, e já foi, presidente do Banco de Boston, do Banco Central, na ótica do sistema financeiro, não do mercado que produz e trabalha, e ser presidente da JBS, não candidato do MDB à Presidência da República, cargo mais importante que qualquer partido destina aos seus militantes, aos seus quadros originários, não a quem vem de fora.”
Para Renan, o MDB não deve ter candidato próprio para que o partido faça as alianças regionais convenientes, sem as amarras da eleição presidencial. O senador, que apoiou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, fez movimentos de reaproximação com o PT ao participar da caravana do ex-presidente Lula no Nordeste. Já Meirelles conta com o apoio do presidente Michel Temer, que confirmou presença na convenção desta quinta.