O candidato a presidente pelo Psol, Guilherme Boulos, pediu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que investigue a eventual participação de integrantes da campanha de Jair Bolsonaro (PSL) no ataque cibernético ao grupo “Mulheres Unidas Contra Bolsonaro”, que reúne mais de 2,5 milhões de integrantes no Facebook. Boulos alega que há indícios de envolvimento de pessoas ligadas diretamente à campanha do candidato no episódio.
O presidenciável diz que Bolsonaro foi beneficiado com a invasão, que acabou resultando na retirada do grupo da rede social. Na ação, o Psol afirma que, ainda durante o funcionamento da mobilização virtual, apoiadores e possíveis pessoas ligadas à campanha do candidato do PSL passaram a desferir ataques e ameaças às administradoras do grupo e a realizar ataques cibernéticos no Facebook. O grupo conseguiu retomar a conta no início da semana.
Mudança de nome
Além das ameaças e do rompimento de sigilo de dados pessoais, os hackers invadiram o perfil “Mulheres Unidas Contra Bolsonaro” e mudaram o nome da mobilização, colocando no lugar uma denominação em favor de Jair Bolsonaro. O ataque ocorreu pela primeira vez na última sexta-feira (14).
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No sábado (15), quando os invasores trocaram o nome do grupo, Bolsonaro postou em sua página oficial a seguinte frase: “Obrigado pela consideração, Mulheres de todo o Brasil!”.
“Os ataques à página do grupo foram efetuados pelos apoiadores da campanha. De fato, em benefício ao candidato, retiraram as mensagens que lhes eram contrárias e colocaram mensagens favoráveis, tecendo críticas ao grupo de mulheres. No episódio de abuso e influência no pleito houve, ainda, atuação indireta de membros da campanha, como o filho do candidato Eduardo Bolsonaro e candidato a deputado federal, e o candidato a vice, que comemoraram o ataque e propagaram diversas acusações falsas. Uma das fake news propagadas foi de que suas criadoras alteraram o nome de outra conta para simular um número alto de participantes”, alega Boulos na ação de investigação judicial eleitoral.
PublicidadeInelegibilidade
Ainda no pedido, a coligação formada pelo Psol e pelo PCB reivindica que Bolsonaro e seu vice, o coronel Hamilton Mourão (PRTB), apresentem explicações no prazo de cinco dias contados a partir da data da notificação. A ação solicita também que sejam ouvidos pelo Ministério Público um representante legal do Facebook e as administradoras do grupo.
O advogado do Psol, André Maimoni, sustenta que a Lei Complementar nº 64/90 prevê a inelegibilidade por oito anos caso fique comprovado o envolvimento de Jair Bolsonaro no ataque cibernético. Na hipótese de ser eleito, ele perde o diploma de posse e tem o seu mandato cassado, afirma.
Campanha nega
A campanha de Bolsonaro nega qualquer envolvimento com a invasão do grupo. Enquanto a página estava fora do ar para investigação, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do candidato, afirmou que uma antiga página, com o mesmo número de seguidores, fora “vendida para a esquerda” e depois nomeada “Mulheres Unidas Contra Bolsonaro”. Em seguida, ele apresentou a página alterada pelos hackers, na qual aparecia uma imagem de apoio ao candidato.
A afirmação, porém, foi logo desmentida pelo próprio Facebook. De acordo com a empresa, o grupo “Mulheres Unidas contra Bolsonaro” foi criado em 30 de agosto e jamais havia mudado de nome até ser hackeado.