O presidente Jair Bolsonaro (PL) já bloqueou 82 jornalistas no Twitter. A informação é da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), que realizou um levantamento de profissionais de imprensa que foram privados de ver publicações na rede social. Dos 315 bloqueios registrados pela Associação, 291 foram realizados pelo presidente, seus filhos — que também ocupam mandatos eletivos —, ministros e secretários especiais de Estado, e parlamentares que compõem a base de apoio do atual governo.
O chefe do executivo também bloqueou no seu perfil seis veículos de comunicação, incluindo o Congresso em Foco, desde junho de 2021. São os outros veículos impedidos de ver as publicações do presidente no Twitter: The Intercept Brasil, Diário do Centro do Mundo, Aos Fatos, Repórter Brasil e O Antagonista.
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Bolsonaro utiliza constantemente o perfil pessoal na rede social para divulgar ações do poder público e atos oficiais, como nomeações de ministros, dados da pandemia de covid-19, construção de obras e processos de desburocratização.
Em parceria, a Abraji e o Congresso em Foco lançaram a campanha Bolos AntiBlock, um protesto virtual contra o bloqueio de jornalistas, influenciadores e outros profissionais por autoridades públicas no Twitter. O projeto recebeu o Leão de Bronze na categoria ‘Cultural Insight – Social & Influencer’ no festival de Cannes de 2021 – maior premiação mundial da área da publicidade.
A Abraji entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) por entender que existe interesse público na conta do presidente e que os bloqueios a jornalistas configuram restrição de acesso a informações públicas, algo garantido pela Constituição Federal.
O procurador-geral da República, Augusto Aras, se mostrou favorável à manutenção dos bloqueios por parte de Bolsonaro. No entendimento do procurador, as redes sociais do presidente não se configuram como meios oficiais de comunicação, mesmo que sejam utilizadas para divulgações de ações oficiais.
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