Cortejados por alguns dos principais candidatos à Presidência, o conjunto de partidos que anunciaram adesão à candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) na semana passada tem histórico de quase quatro décadas de “toma lá, dá cá”, mostra o analista político Antonio Augusto de Queiroz, do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap). Em sua coluna no Congresso em Foco, Antonio Augusto fala sobre o passado, o presente e o futuro do chamado Centrão.
Nascido na Constituinte por motivações ideológicas, em contraposição ao MDB e outros partidos que postulavam a inclusão de direitos sociais na Constituição, virou bloco de sustentação de todos os governos desde a redemocratização. Teve menos poder nos governos Fernando Collor e Itamar Franco. E vive seu apogeu no governo Michel Temer. Notabilizou-se pela exigência de cargos e recursos em troca de votos para o governo no Congresso.
Veja a íntegra da coluna de Antonio Augusto de Queiroz
“Mesmo num ambiente de crise fiscal aguda, a colheita do Centrão foi generosa, especialmente sob a forma de perdão de dívidas, de renúncias e anistias fiscais. A bancada ruralista, poucas vezes, teve tantos benefícios quanto no atual governo”, avalia Antonio Augusto.
Leia também
Para o diretor do Diap, Temer tem dívida de gratidão com o Centrão. “Em primeiro lugar, em agradecimento aos votos pelo impeachment da ex-presidente Dilma. Em segundo, pela rejeição de duas denúncias contra o presidente. E terceiro, pelo voto em favor de reformas impopulares, como o congelamento do gasto público, a reforma trabalhista e a privatização de estatais, inclusive a abertura do pré-sal ao capital estrangeiro”, explica o analista.
O grupo, liderado por partidos como o PP, o DEM, o PTB e o PR, avalizou a chegada e a manutenção de Eduardo Cunha na presidência da Câmara. O Centrão, segundo Antonio Augusto, continuará governista, seja Alckmin, seja outro o próximo presidente.
Mas o bloco deve ter mais dificuldade para obter os benefícios que barganha em troca de apoio no Congresso, prevê o analista. “Mudanças de paradigma de natureza econômico-fiscal, de um lado, e, de natureza ético-moral, de outro, não deixarão muita margem para concessões generosas ao Centrão na próxima gestão presidencial.”
Antes de fechar com Alckmin, o bloco suprapartidário flertou com Ciro Gomes (PDT) e até Jair Bolsonaro (PSL).
Veja a íntegra da coluna de Antonio Augusto de Queiroz: