O candidato de extrema-direita à presidência da Argentina, Javier Milei, frustrou a expectativa de apoiadores de que pudesse levar a eleição já no primeiro turno nesse domingo (22). Milei passou para o segundo turno, mas atrás do candidato da situação, Sergio Massa, atual ministro da Economia. De acordo com balanço divulgado às 2h33 desta segunda (23), com 98% dos votos apurados, Massa lidera com 36,68% dos votos. Milei tem 29,98%. A candidata da direita tradicional, Patricia Bullrich, ficou em terceiro, com 23,83%. Juan Schiaretti, com 7%, e Myriam Bregman, com 2,66%, ficaram nas últimas posições. O segundo turno será realizado em 19 de novembro.
Com apoio da família Bolsonaro e seus seguidores no Brasil, Milei liderava quase todas as pesquisas de intenção de voto. O favoritismo vinha também do surpreendente resultado alcançado por ele nas prévias argentinas, em agosto, da qual saiu como grande vencedor com 7,3 milhões de votos. Ele, no entanto, ganhou apenas 500 mil votos em relação à votação alcançada há dois meses. Enquanto isso, o candidato da situação conquistou outros 2,9 milhões de votos nesse período.
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No discurso em que comemorou o resultado, Massa fez um apelo pela unidade nacional, em claro pedido de apoio a Patricia Bullrich, ex-ministra do ex-presidente Mauricio Macri. Ela surpreendeu negativamente. Teve menos votos do que nas prévias de agosto. “A divisão está morta e começa uma nova etapa no meu governo”, disse Massa, que prometeu governar com os “melhores”.
“Quero falar aos milhares de radicais que compartilham conosco valores democráticos, como a educação pública, a independência de poderes, a construção de valores institucionais que a Argentina merece, mas também quero falar com aqueles que escolheram em outra opção pensando na necessidade de ter uma Argentina em paz, sobre a base de construção de valores democráticos, de respeito às instituições, sem incertezas. Quero dizer que vou fazer os maiores esforços para ganhar sua confiança nos próximos dias”, discursou o candidato.
A vitória de Milei é aposta da direita para começar a retomar o espaço perdido nos últimos quatro anos na América do Sul. Em 2019, presidentes considerados de direita comandavam dez dos 12 países do subcontinente. Hoje, são apenas três. Na semana passada, 69 deputados bolsonaristas encaminharam uma carta a Milei, declarando seu apoio ao candidato extremista. Jair Bolsonaro gravou um vídeo para o colega, manifestando sua torcida. No fim de semana, viralizou nas redes sociais no país vizinho e no Brasil um vídeo que compara Milei a Bolsonaro, de maneira negativa.
Ministrao da Economia e advogado, Sergio Massa, de 51 anos, é do partido peronista União pela Pátria, o mesmo do presidente Alberto Fernández. Ele conquistou as primárias de sua legenda após a terceira tentativa. Massa também já foi presidente da Câmara dos Deputados.
Aos 53 anos, o economista Javier Milei se autoclassifica como “anarcocapitalista”. Ele é da coalizão conservadora La Libertad Avanza. Entre suas propostas de liberalismo extremo estão a redução drástica de subsídios e do aparato estatal. Milei já defendeu o fechamento do Banco Central, a saída do Mercosul e a dolarização da economia, medida vista como inviável por economistas menos radicais. Também declarou que, se eleito, não negociará com o governo brasileiro enquanto Lula for presidente.