O Chanceler Ernesto Araújo participou neste sábado (13) de uma aula magna promovida pelo canal Terça Livre para falar sobre relações exteriores. No vídeo, divulgado pelo blogueiro bolsonarista Allan dos Santos como “masterclass”, o ministro aparece sentado à frente da bandeira do Brasil imperial, em desuso desde o início da República em 19 de novembro de 1889, por decreto assinado pelo Chefe do Governo Provisório, Marechal Deodoro da Fonseca.
Em mais de uma hora e quarenta minutos, Ernesto Araújo fala sobre aliança liberal conservadora, o crescimento do conservadorismo, tecno-totalitarismo e democracias pós-nacionais, que o chanceler descreve como regimes baseados “mais na lei abstrata e na convivência dentro de um arcabouço legal e não tanto a partir de uma constituição sentimental de uma nação”.
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Tive hoje a alegria de falar no Terça Livre sobre o tecno-totalitarismo, como chegamos até ele e como podemos enfrentá-lo:https://t.co/Bg8guvNccP pic.twitter.com/isAei3WuYX
— Ernesto Araújo (@ernestofaraujo) February 13, 2021
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“Vejo esse futuro para uma aliança nacional conservadora como absolutamente um mal necessário para que nós mantenhamos a democracia”, continua o ministro. “A democracia só pode ser defendida por meio dessa aliança nacional conservadora”, diz.
PublicidadeApesar da justiça de São Paulo ter determinado a retomada dos canais Terça Livre e Terça Livre TV no YouTube, a aula com Ernesto Araújo foi transmitida pelo canal de Italo Lorenzon, que afirmou que o site vem sofrendo com ataques hackers.
No início de fevereiro, o YouTube desativou os canais alegando que todos os conteúdos da plataforma precisam seguir as diretrizes da comunidade. Allan dos Santos, blogueiro de extrema-direita, é investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) pela disseminação de fake news e organização de atos pró-ditadura.
Já Ernesto é um dos mais fieis ministros de Bolsonaro, que recebeu na sexta-feira (14) uma dura carta do presidente da comissão de Relações Exteriores do Senado americano cobrando que o chefe do Executivo brasileiro e o chanceler “condenem” e “rejeitem categoricamente” os ataques ao Capitólio nos Estados Unidos em janeiro. Caso isso não aconteça, diz o documento, “haverá prejuízo para a relação bilateral”.
Admirador de Donald Trump, Ernesto minimizou a invasão ao Capitólio ao defender o direito de protestar de americanos que se sentem traídos por seus políticos, diante de um cenário de possível fraude eleitoral. Assim como Trump e seus apoiadores, que contestaram o resultado da eleição, o ministro brasileiro não apontou qualquer indício de fraude.
A inabilidade diplomática de Ernesto Araújo foi motivo para o atraso na compra de insumos da vacina contra a covid-19 na Índia. Em um ato midiático o chanceler chegou a anunciar que um avião iria buscar vacinas da AstraZeneca no sudoeste asiático. A pompa e publicidade da ação desagradaram Nova Delhi que, em poucos dias, mudou o discurso e desistiu da venda. O avião brasileiro, já adesivado com a campanha do SUS, teve de ser utilizado em outras operações.
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