O cientista político Alexandr Dugin, um dos principais articuladores políticos do presidente russo Vladimir Putin, afirmou em suas redes sociais que um referendo deve ocorrer “em breve” para decidir pela independência do estado ucraniano de Kherson, ocupado pela Rússia. A manobra anunciada foi a mesma adotada em 2014, quando a Rússia anexou clandestinamente a península da Crimeia, pertencente até então à Ucrânia.
Alexandr Dugin é o principal líder ideológico da base de apoio do governo russo, e é presidente do Partido Eurasiano, aliado do partido Rússia Unida, de Putin. Além de ser um dos principais defensores da invasão na Ucrânia, Dugin foi uma das mentes responsáveis pela anexação da Crimeia, manobra que já articulava com Putin desde 2008, conforme revelou em entrevista à BBC.
Em seu perfil no VK, maior rede social russa, Dugin afirmou acreditar que “devemos aguardar em breve um referendo pela independência da República de Kherson”, e que com isso “será possível recriar de certa forma o papel da Ucrânia, (…) que nós perdemos e estamos agora reconquistando”. Kherson é o estado logo ao norte da Crimeia, e é nele que se localiza a cidade de Mariupol, último porto sob controle ucraniano no Mar de Azov.
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Dugin também afirma que a anexação ou independência do estado de Kherson e de seu vizinho Zaporozhye, ao norte, é o primeiro passo para a construção da Nova Rússia: nome da autoproclamada confederação formada pelas repúblicas separatistas de Lugansk e Donetsk. O líder ideológico afirma que os próximos passos são expandir a ocupação russa na direção de Kharkov, segunda maior cidade da Ucrânia, e de Odessa maior cidade ucraniana no Mar Negro.
A possibilidade de um referendo que dê legitimidade à ocupação russa nas cidades do leste da Ucrânia já era cogitada pela comunidade internacional assim que a guerra começou. Em seu perfil no Twitter, o ministro britânico de Estado para Europa e América do Norte, James Cleverly, afirmou na terça-feira (15) que “relatos sugerem que a Rússia pode tentar estabelecer um referendo em Kherson em uma tentativa de legitimar a área como uma república separatista similar a Donetsk, Lugansk e Crimeia”.