Reportagem do jornal O Globo desta segunda-feira (9) informa que a Polícia Federal investiga se o general da reserva Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil e candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro no ano passado, atuou como elo entre o ex-presidente e integrantes dos acampamentos montados em frente aos quartéis do Exército que pediam intervenção militar após a vitória do presidente Lula.
As apurações têm como base o depoimento do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, que fechou um acordo de delação premiada com a PF, homologado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Braga Netto afirma que desconhece o teor da delação e que não pode se manifestar sobre processo sigiloso.
Segundo a matéria, Mauro Cid contou à PF que Braga Netto mantinha Bolsonaro informado sobre o progresso das manifestações e fazia conexão entre o ex-presidente e integrantes dos acampamentos golpistas. Em novembro do ano passado, após a derrota, o general pediu a acampados que visitavam a residência que serviu de comitê para a campanha de Bolsonaro que não desanimassem e não perdessem a fé. A declaração, gravada em vídeo, foi distribuída pelas redes bolsonaristas, que entenderam a mensagem como um recado para manter a mobilização.
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“Presidente está bem, está recebendo gente. Vocês não percam a fé, tá bom?! É só o que eu posso falar agora”, declarou ele. Uma apoiadora disse ao general, aos prantos, que bolsonaristas estavam “na chuva e no sol” nos acampamentos. “Eu sei. A senhora fica… Tem que dar um tempo, eu não posso conversar”, respondeu o general.
De acordo com O Globo, os investigadores estão levantando todas as reuniões ocorridas entre Bolsonaro, Braga Netto e membros das Forças Armadas no final de 2022. Também estão examinando registros confidenciais da agenda do ex-presidente. A maior parte desses encontros aconteceu no Palácio da Alvorada, onde Bolsonaro permaneceu após a derrota para Lula nas eleições. Braga Netto esteve presente em pelo menos quatro ocasiões diferentes no Alvorada, conforme as agendas da Ajudância de Ordens da Presidência. Em 14 de novembro, ele participou de uma reunião com os comandantes das Forças Armadas, bem como os ministros da Defesa da época, Paulo Sérgio Nogueira, e da Justiça, Anderson Torres.
A CPMI dos Atos Golpistas aprovou convocação de Braga Netto. Mas, diante da pressão do presidente da comissão e de militares, o depoimento acabou não ocorrendo. A relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), deve apresentar suas conclusões ainda este mês. Não há previsão de novas oitivas.
PublicidadeOs supersalários de Braga Netto e outros militares