Mulheres militantes do MST e do Movimento Camponês Popular (MCP) ocuparam na manhã desta terça-feira (13) uma fazenda do médium João Teixeira de Farias, o João de Deus, preso em Goiânia desde 16 de dezembro, acusado de abuso e violência sexual. A fazenda Agropastoril Dom Inácio está localizada em Anápolis, entre os distritos de Interlândia e Souzânia, no interior de Goiás. Segundo os organizadores, cerca de 800 mulheres chegaram ao local por volta das 6 horas.
A propriedade, que está sub judice, tem aproximadamente 600 hectares e fica próxima a uma rodovia estadual. A ocupação, conforme o MST, faz parte da Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Sem Terra que começou na última semana com mobilizações em todo país.
Mais de 600 mulheres denunciaram o médium por abuso sexual, a maioria dos casos, de acordo com elas, ocorreu na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO), onde ele fazia os atendimentos.
Em depoimento à polícia, João de Deus afirmou ter seis fazendas em Goiás. Levantamento feito pela Folha de S.Paulo indica que, apenas em Abadiânia, o médium tem 27 imóveis registrados em seu nome, avaliados em R$ 20 milhões.
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João de Deus é acusado de estupro, estupro de vulnerável, violação sexual mediante fraude, estelionato, coação e corrupção de testemunhas. Entre as autoras das denúncias está uma filha do médium, que denunciou ter sido abusada por ele dos nove aos 14 anos.
Publicidade“Por esses e tantos outros motivos, as mulheres Sem Terra ocupam hoje um território que é fruto do abuso, do estupro e da violência. Lutamos #PorTodasNós em um Brasil que segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) é o quinto em mortes violentas de mulheres no mundo”, diz nota divulgada pelo MST e pelo MCP.
Ontem o Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) concedeu, pela primeira vez, um habeas corpus ao médium e ao filho dele, Sandro Teixeira, em um caso de coação e corrupção de testemunhas, ocorrido em 2016. Sandro já deixou a cadeia. João, porém, permanecerá preso, já que possui outros dois decretos de prisão, por abuso sexual e porte de arma. A defesa recorre ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao Supremo Tribunal Federal (STF) para reverter essas duas ordens de prisão.
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