O ex-senador de Roraima Telmário Mota foi preso em Nerópolis (GO), a cerca de 30 km de Goiânia, na noite dessa segunda-feira (30). Ele era procurado pela polícia desde o início do dia, acusado de mandar matar Antônia Araújo de Souza, de 52, mãe de uma de suas filhas. Não foram divulgados detalhes da prisão. Um sobrinho do senador chamado Harrison Nei Correa Mota, mais conhecido como Ney Mentira, também acusado de participar do crime, continua foragido.
Antônia era mãe de uma filha adolescente do ex-senador que o acusou, em 2022, de tentar abusar dela sexualmente, quando tinha 17 anos. A mulher foi assassinada em 29 de setembro com um tiro na cabeça quando saía de casa para trabalhar em Boa Vista. Ela prestaria um depoimento considerado chave no processo pelos investigadores no dia 2.
Acusado de ser o mandante, Telmário foi senador entre fevereiro de 2015 e janeiro de 2023. Ele se desfiliou do Solidariedade na semana passada. Segundo as investigações, o executor do crime foi Leandro Luz, preso ontem mesmo em Roraima. Cleidiane Gomes da Costa, assessora do ex-senador, foi alvo de busca e apreensão. Ela confirmou que monitorou a vítima nos dias anteriores à sua execução e repassava informações ao ex-senador. Cleidiane utilizará tornozeleira eletrônica. A Polícia Civil de Roraima diz ter um vídeo que mostra a ex-assessora entregando a moto aos acusados um dia antes do crime.
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No ano passado, a filha de Telmário acusou o político de ter tocado em suas partes íntimas e tentado arrancar a sua roupa em 14 de agosto, Dia dos Pais. A adolescente registrou um boletim de ocorrência contra o pai e a Polícia Civil investiga. O ex-senador negou e afirmou ser vítima de perseguição política. A jovem teve o apoio da mãe para fazer a denúncia.
“Por ele ser meu pai, por eu ter saído várias vezes com ele eu nunca imaginei [que isso aconteceria]. Desde pequena a gente mantinha contato, ele era distante, mas eu era a filha mais próxima dele. Ele nunca tinha dado sinal de um comportamento assim comigo, nunca. Nem para mim, nem para as outras filhas dele. Abalou todo o meu mundo”, disse a adolescente ao G1 no ano passado. “Tudo isso me dá muita revolta, mas eu também fico com medo do que pode acontecer. Eu confio muito na minha filha e estou aqui para ficar do lado dela. Ela não merecia passar por isso”, lamentou Antônia na ocasião. Após a denúncia, o primeiro suplente de Telmário, Marcus Holanda, renunciou à vaga.
Em 2016 o então senador foi denunciado pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal por agressão com base na Lei Maria da Penha. O pedido foi baseado na denúncia de agressão feita por uma jovem de 19 anos. A jovem registrou boletim de ocorrência contra o senador no dia 31 de dezembro de 2015, e disse que o episódio de violência ocorreu no dia 26 do mesmo mês – ela teria sido agredida até desmaiar. O exame de corpo de delito verificou a existência de lesões na cabeça, boca, orelha, dorso, braço e joelho.