O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) decidiu nesta terça-feira (26) aplicar uma advertência ao coordenador da operação Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, por ter afirmado que o Supremo Tribunal Federal (STF) passa uma mensagem de leniência a favor da corrupção em algumas de suas decisões.
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A maioria dos membros do Plenário do Conselho Nacional do Ministério Público seguiram o entendimento do relator do Processo Administrativo Disciplinar (APD) aberto contra o procurador, Luiz Fernando Bandeira de Mello, que entendeu que Dallagnol descumpriu o dever de guardar o decoro pessoal e de urbanidade. A decisão foi por 8 votos a 3.
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Em seu voto, o relator do caso afirma que a fala de Dallagnol “incitou no ouvinte dúvidas quanto aos reais motivos em que se baseiam aquelas decisões” e representa um “ataque deliberado e grave a integrantes do Poder Judiciário, constituindo violação a direito relativo à integridade moral”.
O caso analisado pelo CNMP é referente a uma entrevista à CBN em agosto de 2018, quando o coordenador da Lava Jato criticou uma decisão do Supremo que determinou a transferência de termos de delação premiada da Odebrecht da Justiça Federal em Curitiba para a justiça Federal e Eleitoral do Distrito Federal.
“Agora o que é triste ver, Milton [Milton Yung, jornalista da CBN], é o fato de que o Supremo, mesmo já conhecendo o sistema e lembrar que a decisão foi 3 a 1, os três mesmos de sempre do Supremo Tribunal Federal que tiram tudo de Curitiba e mandam tudo para a Justiça Eleitoral e que dão sempre os habeas corpus, que estão sempre se tornando uma panelinha assim… que mandam uma mensagem muito forte de leniência a favor da corrupção”, disse na ocasião, em referência a Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Lewandowski.
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